• Carregando...
“Eles [do PTB] me trouxeram o currículo deste ex-presidente da Casa da Moeda que tinha um currículo adequado às missões. Então eu aceitei a indicação.” Guido Mantega, ministro da Fazenda, ao afirmar que indicação de Luiz Felipe Denucci foi feita pelo PTB | Valter Campanato/ABr
“Eles [do PTB] me trouxeram o currículo deste ex-presidente da Casa da Moeda que tinha um currículo adequado às missões. Então eu aceitei a indicação.” Guido Mantega, ministro da Fazenda, ao afirmar que indicação de Luiz Felipe Denucci foi feita pelo PTB| Foto: Valter Campanato/ABr

Offshores

Empresário deve depor sobre transações de ex-presidente

José Martins, presidente da empresa responsável por fazer o relatório sobre as movimentações financeiras das offshores de Luiz Felipe Denucci, ex-presidente da Casa da Moeda, deve prestar esclarecimentos ao Congresso Nacional.

O DEM prepara requerimento para convidar o empresário a detalhar na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal a movimentação bancária de Denucci. A reportagem apurou que Martins está disposto a comparecer. Ele afirmou que toda a movimentação da financeira está registrada em sua contabilidade.

A WIT, companhia de Martins especializada em transferência de dinheiro com sede em Londres, registrou em documento que movimentou para Denucci e familiares US$ 25 milhões nos últimos três anos, quando ele já estava no comando da Casa da Moeda. O dinheiro, segundo o relatório, teria como origem "comissões" pagas por empresas fornecedoras da estatal. Denucci foi exonerado no último sábado.

"É fundamental convidar o José Martins para trazer esclarecimentos sobre todo esse processo", afirmou o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).

Partidos da oposição já avisaram que vão apresentar também requerimentos de convocação e de pedido de informação ao ministro Guido Mantega.

Folhapress

Entenda o caso

Veja as suspeitas de irregularidades que envolvem o ex-chefe da Casa da Moeda:

Propina

O ex-presidente da empresa Luiz Felipe Denucci foi exonerado na semana passada por causa de suposto esquema de recebimento de propina de fornecedores da Casa da Moeda via offshores nas Ilhas Virgens Britânicas.

Remessas suspeitas

Em 2001, antes de ser nomeado para a Casa da Moeda, Denucci foi alvo de investigação da Receita Federal, do Ministério Público e da Polícia Federal após realizar uma remessa de recursos ao exterior de forma suspeita.

Alerta

Reportagem da jornal Folha de S.Paulo mostrou que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve Denucci na presidência da estatal mesmo após ser avisado pela Casa Civil e pelo PTB, em agosto de 2011, das suspeitas de irregularidades envolvendo o presidente do órgão.

Tiroteio

Presidente do PTB e ministro da Fazenda se contradizem sobre indicação de ex-chefe da Casa da Moeda.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que a indicação do ex-presidente da Casa da Moeda Luiz Felipe Denucci para o cargo foi feita pelo PTB, que trouxe também outros nomes, recusados pelo governo. Mantega, rebateu as acusações do presidente do PTB, Roberto Jefferson, e afirmou que não conhecia Denucci.

"Em 2008, quando nós substituímos o presidente da Casa da Moeda, o PTB fez indicações para a presidência dentro dos critérios que nós utilizamos, critérios de competência técnica para que possa ocupar esse cargo. Os primeiros nomes não foram aprovados, não foram aceitos e finalmente eles me trouxeram o currículo deste ex-presidente da Casa da Moeda, que tinha um currículo adequado às missões da Casa da Moeda. Então eu aceitei a indicação. Foi feita pelo presidente do PTB em exercício, portanto, eu não conhecia essa pessoa", disse Mantega.

Quinta-feira, Jefferson afirmou que Denucci era um nome do ministro da Fazenda e o PTB fez um "favor" ao chancelar a indicação.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que a Casa Civil e o PTB avisaram Mantega em agosto passado de que Denucci havia aberto offshores – empresas – em paraísos fiscais que teriam movimentado US$ 25 milhões. O dinheiro, segundo relatório da empresa WIT, com sede em Londres, veio de comissão paga por suas fornecedoras da Casa da Moeda. Denucci confirmou a existência das empresas, mas nega ter feito movimentações financeiras com essas contas.

Antes disso, o PTB havia encaminhado em 2010 carta acusando Denucci de irregularidades, também ignorada pelo ministro.

"A multa que ele [Denucci] tinha como contribuinte não tinha nenhuma interferência com a função que desempenhava, então ele estava habilitado. Portanto, não se justificava uma mudança p or causa disso. Ao longo desse período, o PTB voltou à carga nessa tentativa de trocá-lo e fez algumas acusações, digamos, sem fundamento. Eu até falei, vocês têm alguma acusação a fazer, façam isso pela via legal, façam uma acusação formal que aí sim nós podemos investigar", disse Mantega.

Sindicância

Quinta-feira, o Ministério da Fazenda instaurou uma sindicância interna para apurar o escândalo da Casa da Moeda. O Diário Oficial da União publicou ontem a portaria que designa servidores para a comissão de sindicância aberta para apurar as denúncias de corrupção. O grupo terá 30 dias para concluir a apuração.

Mantega reiterou que o chefe da Casa da Moeda estava sofrendo uma forte pressão. "Nós já estávamos dando procedimento a sua substituição, tanto que eu já tinha entrevistado uns três possíveis candidatos [à vaga], que poderiam ocupar o cargo. Eu estava esperando o ano, fechar o Orçamento porque ali tem um resultado anual."

Mantega ainda explicou que a primeira acusação contra Denucci, de 2001, foi requentada. "Foi exaustivamente investigado. Era um processo administrativo, não era criminal. Ele pagou multa, recorreu e diminuiu a multa. Foi um processo normal que qualquer cidadão [pode responder]."

A segunda acusação, segundo ele, foi pouco fundamentada. "Não dá para tomar atitude se não tem alguma coisa oficial fundamentada. Agora, depois que ele já tinha saído, aparece essa nova questão [movimentação de dinheiro via offshore]. Elas serão analisadas, tem uma comissão de sindicância que vai analisar. Além disso, o Ministério Público também está apurando."

O ministro destacou que Denucci tinha credibilidade quando foi admitido. "Não havia nenhuma suspeita. Havia uma alteração, mas que já tinha sido virada de cabeça para baixo, já tinha sido investigada. Era uma questão administrativa, mas não era um obstáculo para ele ser contratado. O governo não ce­­deu. Parece que o PTB não esta satisfeito com o governo em relação a essa questão. Eu não podia, depois que eles [PTB] tinham indicado e a pessoa estava qualificada para a missão que tinha, não podia substituí-lo no meio dessa missão."

Mantega disse ainda que o próximo presidente será um técnico totalmente sintonizado com o desempenho da Casa da Moeda.

Sobre os pedidos da oposição para ouvir explicações, Mantega disse que ainda não há uma convocação.

Interatividade

Qual a sua opinião sobre mais uma crise envolvendo um ministro do governo Dilma?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br

As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]