O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que na segunda-feira (9) concedeu e, depois, com a repercussão negativa, revogou decisão de anular a votação da admissibilidade do impeachment na Casa, chegou na Câmara às 9h30 desta terça-feira (10) sem qualquer declaração sobre sua atitude. Maranhão só abriu a boca para avisar à imprensa que não daria declarações. Ele entrou pela chapelaria da Casa, usou o elevador privativo de deputados para acessar o Salão Verde, e em vez de se dirigir ao gabinete da Presidência da Câmara, encaminhou-se para o gabinete da Vice-Presidência.
Maranhão revogou no fim da noite desta segunda-feira a decisão que havia tomado pela manhã de anular a votação da Câmara no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A decisão foi tomada após seu partido, o PP, ameaçá-lo de expulsão. Emissários de Maranhão procuraram oposicionistas e aliados do vice Michel Temer no início da noite e indagaram se o recuo o livraria das sanções que já se desenhavam para esta terça-feira. A sinalização positiva sacramentou a decisão de Maranhão.
A direção do PP manteve, contudo, para às 10h desta terça-feira a reunião para discutir sua expulsão, mesmo com seu recuo em relação à decisão de anular a sessão de votação do impeachment na Casa. Um dos autores do pedido de expulsão protocolado nesta segunda-feira, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) diz que o recuo não melhora sua situação, pois Maranhão é reincidente, e por duas vezes agiu contra a orientação do partido. Maranhão já havia contrariado a decisão do PP de fechar a questão a favor do impeachment.
‘Discordo, mas respeito’, diz governador responsável por decisão de Maranhão após recuo
Um dos principais defensores de Dilma Rousseff, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), usou seu perfil no Twitter para comentar o recuo do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), sobre a decisão de suspender o processo de impeachment na noite de segunda-feira. O governador disse discordar da revogação, mas ressaltou que respeita o parlamentar.
“Em face da decisão do Senado, o deputado Waldir Maranhão revogou sua decisão sobre o recurso da Advocacia Geral da União. Discordo, mas respeito”, publicou na rede social.
Flávio Dino também afirmou que Maranhão teve “coragem que poucos tiveram” ao votar contra o impeachment e conter o que chamou de “marcha da insensatez”.
O governador é apontado como responsável pela decisão de Maranhão a favor do acolhimento do pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para anular a sessão em que foi decidida a admissibilidade do processo de impeachment pela Câmara. No domingo, Dino pegou carona com o presidente em exercício da Casa em um voo da FAB de São Luís com destino a Brasília, ocasião em que o tema teria sido abordado. Na noite do mesmo dia, Maranhão também se reuniu com o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na casa do vice-líder do governo na Câmara, Silvio Costa (PTdoB-PE).
Na segunda-feira, Flávio Dino confirmou que foi consultado pelo presidente interino da Câmara. O governador também foi responsável por convencer Maranhão a votar contra o impeachment de Dilma no plenário da Casa no último dia 17, apesar de o partido de Maranhão, o PP, ter fechado questão pela continuidade do processo.
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