Os próximos sete dias serão cruciais para o futuro do atual governo federal. A semana, que promete colocar emoções à flor da pele, será uma dura maratona para a presidente Dilma Rousseff (PT) e para os opositores ao governo. Às 17 horas desta segunda-feira (11), tem início a votação da comissão formada por 65 parlamentares que dará o parecer sobre o andamento do processo de impedimento de Dilma. A aprovação na comissão é dada como certa.
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A partir daí, os próximos dias deverão se intensificar em negociações para que o governo consiga reverter o processo no plenário ou para que a oposição garanta 342 votos favoráveis dos deputados a fim de enviar o pedido ao Senado. O resultado da votação desta segunda será lido na terça-feira (12) em plenário e a partir de quarta (13) é muito provável que seja aberto o prazo de 48 horas para o início da votação no plenário da Câmara.
O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer que o processo comece a ser votado em plena sexta-feira (15), o que pode fazer com que a votação final se arraste por três dias e tenha seu desfecho apenas no domingo (17), na expectativa de que a pressão das ruas leve os deputados a optarem pela saída de Dilma.
Trabalhar em um domingo para os congressistas é fato raro. Desde 1991, os deputados federais só apareceram para trabalhar em quatro finais de semana. A maior parte das vezes foi para tomar posse. Em apenas uma situação, no governo Collor, em fevereiro de 1991, foi feita uma sessão para votar uma série de medidas econômicas.
Trâmite no Senado
Caso o plenário da Câmara aprove o impeachment de Dilma, o processo é enviado ao Senado, que tem dois dias para formar sua comissão. O trâmite no Senado deve durar até o dia 2 de maio. Caso seja aprovado o processo de impeachment também entre os senadores, Dilma é afastada por 180 dias e o vice, Michel Temer (PMDB), assume. Depois disso, inicia-se o processo de julgamento de Dilma no Senado, com mediação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), quando serão necessários votos de dois terços (54 dos 81 senadores) para a condenação.
A votação do trâmite do impeachment será nominal, ou seja, cada parlamentar deverá se pronunciar no microfone. A batalha final do impeachment na Câmara deve ser transmitida ao vivo para todo o Brasil. A votação nominal no microfone agrada os parlamentares favoráveis ao afastamento de Dilma, já que torna maior a exposição de cada posicionamento.
Cunha ainda quer que parentes dos deputados possam tomar conta das galerias da Câmara para “apreciar” a votação. A ideia é inibir a presença de manifestantes no interior da Casa.
Tensão e cerca
No entanto, do lado de fora do Câmara, a tensão deve ditar os três dias de votação do processo de afastamento de Dilma. Para tentar evitar brigas entre os presentes, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal organiza a chamada “Operação Esplanada”.
O grupo a favor do impeachment será concentrado do lado direito da Esplanada, enquanto as pessoas contrárias à derrubada de Dilma ficarão do lado esquerdo. Haverá alambrados e cercas de ferro, erguidos por presidiários, para separar os manifestantes. A barreira vai impedir que os grupos se vejam durante os atos. Foram autorizadas as entradas de apenas dois carros de som para cada grupo de manifestantes. Esses carros não poderão incitar os manifestantes com palavras de ordem.
Pressão
Parlamentares indecisos estão sendo mapeados e têm tido seus nomes divulgados por movimentos favoráveis e contrários ao impeachment, em ações que envolvem desde o estímulo a cobranças nas redes sociais até a divulgação de celulares e endereços residenciais de quem está em cima do muro. Deputados chegaram a reclamar da pressão sofrida. O movimento Vem Pra Rua, inclusive, fez uma página na internet com um placar do processo – no qual é possível encontrar contatos e informações dos deputados.
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