O presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, prestou depoimento na manhã desta sexta-feira (17) na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, no inquérito que apura o episódio de um bilhete enviado por ele a seus advogados.
A comunicação foi interceptada pela PF, já que há suspeita de que ele teria orientado a defesa a destruir provas de seu envolvimento no esquema investigado pela operação Lava Jato.
Na saída da audiência, a advogada do empreiteiro, Dora Cavalcanti, disse esperar que o episódio do bilhete tenha sido superado. “Ele deixou claríssimo que aquela anotação ‘destruir e-mail’ [que constava no bilhete] nada mais era do que aniquilar o conteúdo do e-mail resgatando seu histórico”, declarou.
A princípio, o depoimento estava marcado para acontecer nesta quinta-feira (16), mas, como a advogada foi impedida de acompanhar seu cliente na audiência -- por estar envolvida na investigação -- acabou adiado.
Nesta sexta, Dora Cavalcanti, chegou à sede da PF acompanhada do Procurador Nacional de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Pedro Paulo Medeiros.
Conforme Medeiros, os delegados da PF voltaram atrás na decisão e permitiram que a advogada acompanhasse a audiência, porém, como informou o representante da OAB, ela mesma preferiu não ouvir o depoimento. Ele destacou ainda que Dora não quis prestar mais esclarecimentos na audiência, pois afirmou que já havia se manifestado por meio de petições.
Medeiros explicou que esteve presente na sede da PF para garantir que as prerrogativas da defesa fossem respeitadas. “Se a advogada está no exercício da profissão, ela não pode ser considerada como indiciada e muito menos como investigada e, de igual forma, ela não pode ser impedida de acompanhar o seu cliente”, afirmou.
Orientação da defesa é para que Odebrecht permaneça em silêncio
O empresário Marcelo Odebrecht será ouvido novamente na tarde desta sexta-feira, prazo final para encerramento do inquérito policial que apura a participação dele no esquema da Lava Jato.
Porém, como adiantou sua defesa, ele deve permanecer em silêncio no depoimento. “Se houvesse de fato interesse em chegar à verdade, não se teria deixado [o depoimento] para o apagar das luzes, para o último dia do inquérito policial, em que ele não deve falar sob coação de uma prisão ilegal, em nosso ponto de vista”, reclamou Dora.