O presidente do grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, negou nesta terça-feira (1.º) , durante sessão da CPI da Petrobras em Curitiba, que haja a possibilidade de firmar um acordo de colaboração premiada. Investigado pela Operação Lava Jato, Odebrecht já foi denunciado em ação penal que investiga a participação da empresa no cartel que fraudou licitações em estatais. Ele foi preso em 19 de junho, na 14.ª fase da operação.
Presidente da Odebrecht diz que não tem nada “a dedurar” e deixa 6 questões em aberto em CPI
Leia a matéria completa“O meu legado tem valores morais dos quais eu nunca abrirei mão”, disse o executivo. Odebrecht usou os filhos como exemplo. “Eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que com aquele que fez o fato”, afirmou. O executivo afirmou que não tem nada “a dedurar”.
Odebrecht ressaltou que sempre esteve à disposição das autoridades e da imprensa para prestar esclarecimentos sobre as acusações que pesam contra ele. O executivo, porém, por orientação dos advogados de defesa, não quis dar detalhes nem responder a mais perguntas relacionadas ao processo, como a relação que ainda mantém com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a empresa é acusada de pagar viagens para o petista. Segundo ele, “é provável e natural” que tenha conversado com o ex-presidente sobre a atuação da Odebrecht. Apesar disso, disse não lembrar de nenhuma conversa específica.
Situação da empresa
O executivo foi questionado pelos parlamentares sobre a situação econômica da empreiteira. “Fora essa questão de que poderíamos estar gerando e mantendo muito mais empregos, posso te garantir que a empresa está absolutamente sólida”, disse o executivo. “Tenho fé que sairemos dessa ainda mais fortalecidos”, completou.
Odebrecht destacou, ainda, que os investimentos em programas sociais realizados pelo grupo e disse que a percepção negativa da sociedade em relação à companhia é causada por uma “publicidade opressora”. “No caso da Odebrecht, a família é pobre, mas a empresa é rica”, disse. Segundo o presidente do grupo, a empresa tem um histórico de gastar mais em projetos sociais do que entre os próprios acionistas.
Os deputados perguntaram também o posicionamento de Odebrecht em relação ao financiamento de campanhas por empresas privadas. “Sempre fui a favor”, garantiu o executivo.
Marcelo Odebrecht é o primeiro depoente a dispensar o silêncio absoluto durante a oitiva desde que a CPI desembarcou em Curitiba, na segunda-feira (31). “Infelizmente, nesse momento, até por respeito a decisão do ST, a gente fica impedido de falar sobre o processo”, justificou o executivo.
O executivo foi perguntado sobre obras realizadas pela empreiteira e sobre doações de campanha, mas não respondeu a nenhum dos questionamentos. “Eu gostaria de falar publicamente tudo que posso, mas infelizmente estou engessado”, disse Odebrecht.
Esta é a segunda vez que os deputados vão à Curitiba para ouvir investigados na Operação Lava Jato. A primeira vez foi em maio.