Marcelo Odebrecht revelou que usava a cervejaria Itaipava, além de outras empresas, como ‘laranja’ para o pagamento de doações a campanhas políticas que eram originalmente acertadas pela empreiteira da família. A afirmação foi feita em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, e foi publicada pelo Blog Fausto Macedo, do jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com o jornal, a Odebrecht ‘usava muito’ a Itaipava para fazer doações oficiais sem envolver o nome da empreiteira, que depois compensaria as empresas de alguma maneira. Planilhas apreendidas na operação Lava Jato, em março de 2016, já apontavam que a cervejaria era usada para ‘disfarçar’ essas doações. Elas foram apreendidas na casa de Benedicto Barbosa Junior, que também prestou depoimento ao TSE. Essas planilhas mostram pagamentos a 279 nomes ligados a 24 partidos. Os números indicam que as doações feitas por meio da Itaipava podem ter superado os R$ 30 milhões.
Políticos negaram o recebimento de recursos irregulares
Quando as planilhas foram relevadas, políticos citados nas listas de beneficiários de recursos negaram o recebimento de recursos de forma irregular. Ao justificar as doações da Odebrecht, alguns apresentaram recibos de doações oficiais em nome das empresas Leyroz de Caxias ou Praiamar. Agiram assim, por exemplo, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), o ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT), e o atual ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS).
A Leyroz de Caxias e a Praiamar não são ligadas à Odebrecht, mas sim ao grupo Petrópolis, que fabrica as cervejas Itaipava e Cristal. A relação entre a empreiteira e o grupo foi abordada durante a negociação das colaborações premiadas dos executivos da empresa. Ao Estadão, a Itaipava afirmou que todas as doações feitas pelo grupo Petrópolis respeitaram a legislação eleitoral e estão devidamente registradas.