O ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta quarta-feira (10) que as afirmações do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) sobre a promessa de absolvição que teria recebido do ministro Luiz Fux desgastam a Corte, mas não têm a capacidade de prejudicar o julgamento.

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Condenado a mais de dez anos no julgamento do mensalão, Dirceu contou em entrevista à Folha de S.Paulo e ao UOL que Fux o "assediou moralmente" quando fazia campanha para ingressar no STF.

"É tudo muito lamentável, como eu disse ontem [sobre o episódio da tensa reunião entre o presidente Joaquim Barbosa e os presidentes de entidades de juízes]. Desgasta o Supremo", disse o Marco Aurélio.

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"Mas não fragiliza o julgamento [do mensalão], porque não se trata de um argumento jurídico. Pelo contrário. Ele [o ministro Fux] foi um dos mais rigorosos", completou.

A reportagem procurou o ministro Luiz Fux para comentar a entrevista em que é citado, mas ele não foi encontrado durante a manhã. Também procurada, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) não irá se manifestar sobre o caso.

Na entrevista, Dirceu conta que a reunião entre ambos ocorreu num escritório de advocacia de conhecidos comuns. Ao relatar esse encontro, Dirceu faz uma acusação grave. O ex-ministro afirma não ter perguntado "nada" [mas Fux] "tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver". Num outro trecho da entrevista, segundo Dirceu, "ele [Fux], de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção".

O ex-ministro afirma ainda que Fux "já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento [do mensalão]".

No início de 2011, Fux foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o STF. Durante o julgamento do mensalão, votou pela condenação de Dirceu -que acabou sentenciado a de dez anos e dez meses de reclusão mais multa.

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Em entrevista à Folha de S.Paulo em dezembro do ano passado, Fux admitiu ter se encontrado com Dirceu, mas negou ter dado qualquer garantia de absolvição. "Se isso o que você está dizendo [que é inocente] tem procedência, você vai um dia se erguer", teria sido a frase que o então candidato ao STF ofereceu ao petista.