O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, afirmou nesta quarta-feira (4) que, como cidadão, "não vê com bons olhos" a informação de que o presidente da firma que administrava o hotel Saint Peter, que ofereceu emprego ao ex-ministro José Dirceu, é um auxiliar de escritório de uma empresa de advocacia do Panamá.
Segundo reportagem apresentada ontem no "Jornal Nacional", o panamenho teria outras mil firmas ligadas ao seu nome, levantando suspeita de que se trata de um laranja. "Não chego a julgar o caso porque não está retratado em um processo, mas, como cidadão, não vejo com bons olhos", disse o ministro, após ser homenageado pela Câmara com medalha do "Mérito Legislativo".
Questionado se alguém ligado ao ex-ministro deveria se manifestar sobre o caso, Marco Aurélio disse que cabem explicações à sociedade. "Todos nós devemos contas à sociedade e cada qual adota a postura que é conveniente", afirmou.
Condenado no mensalão, Dirceu começou a cumprir sua pena no dia 15, tendo direito ao regime semiaberto, em que pode deixar a cadeia durante o dia para trabalhar. Devido a isso, sua defesa apresentou ao Supremo proposta de emprego no Saint Peter, em Brasília, com salário de R$ 20 mil por mês.
Saint Peter
Segundo o "Jornal Nacional", a Truston International Inc, que administrava até ontem o Saint Peter, é presidida por José Eugênio Silva Ritter, identificado como auxiliar de escritório. O prédio do hotel pertence ao empresário Paulo Abreu, que também atua no ramo das telecomunicações e é irmão de José de Abreu, ex-deputado e presidente nacional do PTN, e ao empresário Paulo Naya.
Marco Aurélio disse ainda que há uma "confusão" sobre o regime semiaberto. "Está havendo confusão entre regime semiaberto e aberto. No regime aberto, há o direito do reeducando, e esperamos que todos sejam reeducados, no sentido de trabalhar durante o dia e pernoitar à noite. No semiaberto, as saídas dependem de autorização e não podem ser saídas continuadas e de forma linear", completou.
Em relação à renúncia do ex-deputado José Genoino (PT-SP) que entregou o mandato para escapar do processo de cassação, Marco Aurélio disse que é um "direito, uma escolha política que não passa por nenhum crivo". "A renúncia é um ato espontâneo, voluntário, que não passa por nenhuma glosa", afirmou.
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