Ministro Marco Aurélio Mello deferiu liminar para afastar Renan Calheiros da Presidência do Senado.| Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello disse na manhã desta quinta-feira (8) que a Corte partiu para o “famoso jeitinho brasileiro” com a decisão de manter o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado, mas afastado da linha sucessória da Presidência da República. Com isso, disse ele, STF e o Senado saem desgastados.

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“Eu penso que nós poderíamos ter avançado como eu disse no voto no dia de ontem [quarta-feira] e que acabamos por endossar um verdadeiro deboche institucional. Isso está no voto, e ao partirmos para o famoso jeitinho brasileiro com a decisão, o Supremo saiu, a meu ver, como instituição, última trincheira da cidadania, desgastado. Agora também saiu desgastado o Senado (...) Não vejo com bons olhos a solução do tribunal”, disse o ministro em entrevista à rádio “Jovem Pan”.

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No início da semana, o ministro atendeu a um pedido liminar feito pela Rede Sustentabilidade que acabou afastando Renan Calheiros do cargo. Mas na quarta-feira, por 6 votos a 3, o plenário do STF decidiu mantê-lo no cargo, mas afastado da linha sucessória.

Marco Aurélio Mello disse que os integrantes do STF têm que perceber a “envergadura da cadeira” porque “exemplo vem de cima”.

“Nós temos uma situação jurídica extravagante que pode se repetir em inúmeros casos. Isso é péssimo em termos de segurança jurídica”, alertou.

Ele negou que tenha ocorrido uma negociação para determinar uma saída para o impasse criado. “Eu não admitiria fazer negócio num âmbito do ofício de julgar. Não foi negociada qualquer saída para o impasse criado, que estarrece a todos, de desrespeitar a toda evidência uma decisão do Supremo”, falou.

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Novamente, Marco Aurélio comentou as críticas de seu colega Gilmar Mendes que, em entrevista ao blog do Moreno, sugeriu seu impeachment ou inimputabilidade por causa da decisão.

“Olha a que ponto nós chegamos. Até mesmo durante o voto da ministra presidente [Carmen Lúcia] indaguei a ela se acreditava na minha higidez mental (...) Não sei como ele chegou a dizer o que disse mas é de todo lamentável”, completou.