Brasília (AG) As investigações ainda estão longe do fim, mas Polícia Federal, Ministério Público e CPI dos Correios dizem já ter provas suficientes para formalizar acusações contra os principais envolvidos no esquema operado pelo empresário Marcos Valério de Souza a pedido do PT.
Depois de quatro meses de apuração no inquérito do mensalão, a PF e o Ministério Público recolheram fortes indícios de que integrantes do esquema incorreram em sonegação fiscal, remessas ilegais ao exterior, lavagem de dinheiro, caixa dois e outros crimes.
Na semana em que a CPI dos Correios comprovou que Marcos Valério não registrou na sua contabilidade os R$ 55,9 milhões que diz ter emprestado ao PT, os integrantes da comissão também se convenceram de que o mineiro, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e os responsáveis pelos contratos da SMP&B na estatal deverão ser indiciados no relatório da CPI por corrupção e tráfico de influência.
Enquanto prepara o documento que só deve ser apresentado em dezembro, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), subrelator responsável pela investigação das movimentações financeiras, acredita que o relatório da CPI também deverá apontar os responsáveis por crimes contra o sistema financeiro e de sonegação fiscal na operação de distribuição dos R$ 55 milhões.
"Todos os sacadores vão se incomodar e não basta dizer entreguei o dinheiro para fulano. Terão de apresentar a comprovação do destino dado ao dinheiro, com notas fiscais ou recibos e as devidas declarações à Receita", diz o tucano.
Enquanto a CPI investiga os contratos dos Correios, os negócios das agências de Valério no governo e os investimentos feitos por fundos de pensão, o relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), informa que já foram descobertos na estatal licitações viciadas, reequilíbrios contratuais injustificáveis e execução dos contratos de maneira inadequada, entre outras irregularidades. Tudo isso deve fazer parte também do seu relatório.
Petistas da CPI consideram que as denúncias de tráfico de influência que envolvem o ex-ministro José Dirceu seriam mais consistentes.
A situação do ministro ficou mais complicada, na avaliação dos petistas, depois que o advogado e sócio de Valério, Rogério Tolentino, admitiu que só havia comprado o apartamento da ex-mulher de Dirceu Ângela Saragoça, em São Paulo, por ela ser quem é. Ângela conseguiu ainda um emprego no BMG e um financiamento no Rural graças a Valério.
Mas a CPI ainda pretende rastrear a origem dos recursos e também identificar os donos de contas no exterior que mandaram dinheiro para Duda Mendonça. A PF também faz esse trabalho.
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