A queda
Veja os principais fatos que levaram à perda de mandato de Derosso:
Julho de 2011: Gazeta do Povo mostra que contratos de publicidade da Câmara eram investigados pelo Tribunal de Contas (TC) por suspeitas de irregularidades.
Agosto de 2011: Vereadores assinam requerimento de instalação de uma CPI para investigar a publicidade da Casa. Paralelamente, o caso é apurado pelo Conselho de Ética da Câmara.
Setembro de 2011: A CPI começa a funcionar e o vereador Jorge Yamawaki (PSDB), relator do caso no Conselho de Ética, apresenta relatório pedindo o afastamento de Derosso da presidência da Casa.
Outubro de 2011: TC inicia uma tomada de contas especial para aprofundar a investigação sobre indícios de irregularidades na publicidade da Câmara.
Novembro de 2011: Vereadores aliados de Derosso no Conselho de Ética arquivam uma das denúncias contra Derosso e mantêm indefinida a possibilidade afastar o tucano da presidência. MP apresenta denúncia à Justiça de improbidade administrativa contra Derosso e pede o afastamento do vereador do comando do Legislativo. Derosso se antecipa a uma decisão judicial e pede afastamento temporário da presidência por 90 dias.
Dezembro de 2011: A CPI encerra seus trabalhos e isenta Derosso de responsabilidade pelas irregularidades na publicidade.
Fevereiro de 2012: Derosso pede mais 90 dias de afastamento da presidência.
Março de 2012: Pressionado, Derosso renuncia à presidência da Câmara.
Maio de 2012: Diante de novas denúncias de irregularidades na publicidade da Câmara, o PSDB ameaça expulsar Derosso. Ele se antecipa e deixa o partido.
Junho de 2012: O TRE determina a perda do mandato de Derosso por infidelidade partidária.
Julho de 2012: Depois de perder recursos no TRE e no TSE, Derosso acaba substituído na Câmara por Maria Goretti.
Irmã tenta se eleger pelo PSDB
Embora João Claudio Derosso tenha saído do PSDB, ficando impossibilitado de disputar as eleições deste ano, a famíla Derosso continuará representada nas urnas. Mary Derosso, uma das irmãs do ex-vereador, registrou sua candidatura a vereadora de Curitiba, também pelo PSDB.
Maria Helena Derosso é bibliotecária e funcionária da Câmara Municipal de Curitiba, assim como outra irmã do ex-vereador, Fátima Derosso Chu. É a primeira vez que ela se candidata a um cargo público.
A família Derosso tem tido representantes na Câmara desde os anos 1960. João Derosso, pai de João Cláudio, foi vereador por 27 anos. João Cláudio assumiu o posto em 1988 e permaneceu na Câmara por seis mandatos. A principal base eleitoral da família é o bairro do Xaxim, na região sul da cidade.
No ano passado, como funcionária do Legislativo, Mary Derosso apareceu no noticiário após denunciar vereadores que, segundo ela, teriam "inctado baderna" na sede da Câmara durante protestos contra seu irmão. (RWG)
A enfermeira Maria Goretti Lopes (PSDB) tomou posse, neste sábado, da cadeira de vereadora na Câmara Municipal de Curitiba. Ela ficou com a vaga de João Claudio Derosso (sem partido), que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral depois de se desfiliar de seu partido, o PSDB. A troca põe fim a um ciclo de 24 anos de Derosso na Câmara. Durante esse período, ele foi presidente do Legislativo por 15 anos.
Até a noite de sexta-feira o ex-vereador buscava reverter a cassação, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) indeferiu o mandado de segurança movido por Derosso. Ele também recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas a ministra Cármen Lúcia definiu que a decisão cabia mesmo ao TRE.
Maria Goretti recebeu 2,3 mil votos na última eleição e terá menos de seis meses de trabalho na Câmara. O pouco tempo que terá para atuar como vereadora será dividido com a atenção dedicada a sua reeleição, já que Maria Goretti é candidata nas eleições de outubro.
Apesar do conturbado processo que a levou para dentro da Casa, a mais nova vereadora de Curitiba se diz tranquila para realizar seu trabalho. "Eu estou ocupando a vaga por direito estabelecido, cumprindo o que o TRE decidiu, o que faz minha posse legítima. O Derosso está fazendo o que acredita, mas eu estou tranquila. Espero contar com o apoio do PSDB nesta caminhada", ressaltou, durante a posse.
A enfermeira é funcionária concursada da Secretaria de Saúde do Paraná, é casada e mãe de dois filhos. Ela se formou na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e é especialista em Recursos Humanos na área de Saúde. Foi presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Paraná e da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), onde ainda foi diretora.
Derrocada
Derosso era visto como o homem forte da Câmara de Curitiba até julho de 2011, quando vieram à tona as primeiras denúncias de irregularidades em sua gestão. O Tribunal de Contas do Estado (TC) passou a apurar contratos de publicidade da Câmara que teriam beneficiado a mulher de Derosso, Cláudia Queiroz Guedes.
Até novembro, Derosso ainda se manteve na presidência com apoio maciço dos vereadores. Embora a oposição tenha levado o caso ao Conselho de Ética e tenha conseguido abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito, só em novembro, quando o Ministério Público pediu o afastamento de Derosso da presidência da Câmara, a situação começou a mudar.
Derosso se antecipou e se afastou da presidência, que ocupava sem interrupções desde 1997. Ao mesmo tempo, os aliados do PSDB e de outros partidos começaram a se afastar ao ver o enfraquecimento de Derosso. No início de 2012, quando pediu a renovação de sua licença do cargo de presidente, viu seu poder ser solapado de vez: os vereadores acabaram preferindo tirá-lo do poder e marcar eleições para eleger seu sucessor.
Nos últimos meses, Derosso ficou ainda mais isolado e, enfrentando um processo de expulsão do PSDB, acabou preferindo se desfiliar por conta própria. Desde então, estava inelegível e apenas poderia terminar o atual mandato. No entanto, a posse de Maria Goretti encerrou o oitavo mandato do vereador antes da data prevista.
Dos 38 atuais, só três não tentam voltar
Dos atuais 38 vereadores de Curitiba, 35 tentarão a reeleição. De acordo com a lista divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não registraram suas candidaturas os vereadores Algaci Tulio (PMDB), Caíque Ferrante (PRP) e Nely Almeida (PSDB). Os demais, todos, tentarão a reeleição.
Dois outros vereadores perderam o mandato e não irão disputar a reeleição. Além do próprio Derosso, Paulo Frote (PSDB) renunciou no mês passado para evitar uma investigação pelo Conselho de Ética. Ele foi condenado judicialmente em um processo que já corria em segundo grau, e não poderia se candidatar em razão da lei da ficha limpa.
O TSE informa que Curitiba terá 650 candidatos a vereador neste ano. A maior coligação, liderada pelo grupo do PSDB, terá 75 nomes. A segunda maior, ligada ao PT, tem 73 candidatos. Haverá postulantes de 27 partidos concorrendo às 38 vagas que estarão em jogo em outubro. (RWG)
Colaborou Rogerio Waldrigues Galindo.