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Pré-candidata à vice-presidência da República na chapa de Eduardo Campos (PSB-PE), a ex-senadora Marina Silva, afirmou neste sábado (17) que não é errado governar com apoio de outros partidos, mas criticou as alianças políticas feitas pelos partidos para garantir mais tempo para a propaganda eleitoral no rádio e na televisão.

Para ela, os acordos são apenas pragmáticos e não levam em consideração os anseios da sociedade. "A aliança que temos com o PSB é programática, que já dá uma indicação desse nosso desejo de mudar a política. Geralmente as pessoas fazem esses movimentos para compartilhar um palanque, uma eleição", afirmou.

"Não é errado governar compondo com outros partidos. Ninguém governa sozinho. Mas não pode ser em nome de um pedaço do Estado para chamar de seu. Tem que ser com compromisso de implementar um programa", complementou.

No ano passado, a Justiça Eleitoral não permitiu a formalização da Rede Sustentabilidade como um partido político por falta de assinaturas de apoio suficientes. Por isso, a legenda não recebe recursos do fundo partidário e nem pode fazer propaganda no rádio e na televisão. Marina se filiou então ao PSB, que absorveu a Rede para as eleições deste ano.

De acordo com a ex-senadora, o fato de a Rede não contribuir com tempo de TV na aliança com o PSB, gera uma oportunidade para se debater o programa político. "Estamos em uma coligação que não acrescenta para o candidato um segundo de televisão, que é o que as coligações, me parece, mais prezam. Me parece que é muito mais uma métrica. E nesse caso o que nós temos são algumas propostas, algumas ideias em processo de construção. E isso já é uma diferença muito grande".

Apesar de não contribuir com tempo de televisão, a união da Rede com o PSB atrai votos para a chapa. Nas eleições de 2010, Marina teve 20 milhões de votos e acabou ficando em terceiro lugar na disputa pela Presidência da República.

Marina voltou a afirmar também que a polarização entre o PT e o PSDB acaba por "fulanizar" as conquistas recentes do país. Para ela, é preciso superar esta compreensão da política e entender que as ações devem ser feitas como uma "oferta" para o povo.

Como exemplos, Marina citou a conquista da estabilidade econômica e os avanços sociais, que devem deixar de ser dos partidos para serem entendidos como da população. "Nada de grandioso foi feito por uma pessoa ou por um partido. A nossa democracia foi uma conquista de vários partidos e de vários segmentos da sociedade", disse.

Marina participou da abertura do 1º Congresso da Rede Sustentabilidade, realizado neste final de semana em Brasília. Para ela, mesmo com as dificuldades de se criar a legenda a Rede já é "reconhecida pela população". "Depois das dificuldades que nos foram impostas para criar a Rede, nós assumimos que, ainda que não fôssemos um partido legal, somos um partido de fato. Temos ideias, propostas, base social em todo o país e temos sobretudo a vontade de contribuir para a renovação da política brasileira", afirmou em um discurso feito a integrantes da Rede.

Durante a abertura, o senador Rodrigo Rollemberg, pré-candidato ao governo do Distrito Federal pelo PSB, representou o presidente da sigla, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. "A aliança com a Rede nos traz oxigenação e renovação para a política", disse Rollemberg.

A ex-corregedora do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Eliana Calmon, pré-candidata ao Senado pelo PSB da Bahia, criticou no evento a política do "toma lá, dá cá" e condenou as regras eleitorais que impediram o registro da Rede.

Mesmo sem ser um partido formal, a Rede se reúne neste fim de semana em Brasília para discutir a conjuntura e tática eleitoral para 2014, além da política de organização nacional e a estrutura da Rede. A legenda também irá escolher os membros do Diretório Nacional, Executiva Nacional e da Comissão de Ética.

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