Em meio ao processo de julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), a ex-ministra Marina Silva (Rede) voltou a defender a realização de novas eleições presidenciais. Ela argumenta que “dinheiro do Petrolão” – como ficaram conhecidos os esquemas de corrupção na Petrobras – abasteceu a campanha da Dilma e de seu vice, Michel Temer (PMDB). Por isso, Marina entende que a chapa deve ser cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
“Dilma e Temer são irmãos siameses da crise política, econômica e de valores que o Brasil enfrenta hoje”, disse a ex-ministra, que esteve em Curitiba, para apoiar a candidatura de Requião Filho (PMD) à prefeitura. “Mais de 68% da população defende a realização de novas eleições”, ressaltou.
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Leia a matéria completaMarina criticou duramente Michel Temer, classificando o governo interino como “mero hospedeiro da equipe econômica”. A ex-ministra voltou a apresentar seu partido – a Rede – como um representante do que chama de “nova política”, em contraposição à “velha política”, que hoje comanda o governo.
“Prevalecem os mesmos problemas do interior, com trocas de cargos para ter base no Congresso, com quadros denunciados na Lava Jato ocupando”, apontou.
Em relação ao julgamento do impeachment de Dilma, a ex-ministra avalia que houve crime de responsabilidade, apontando que teriam sido feitas operações de crédito sem autorização do Congresso. Paralelamente, Marina manifestou apoio à Lava Jato.
“Tudo isso que está acontecendo é muito saudável. O Brasil está sendo passado a limpo. Estamos vivendo um dos piores momentos políticos do país, com uma crise profunda de valores”, avaliou. “No meu entendimento, não é golpe. O impeachment está previsto na Constituição e está sendo cumprido pelo Supremo [Tribunal Federal]”, completou.
Partidos
Mesmo com críticas agudas ao PMDB, Marina formalizou apoio a Requião Filho, que é candidato pelo partido. Apesar disso, ela não vê incoerência política no ato. Ela lembra que sempre teve o senador Roberto Requião como um de seus bons aliados e apontou que deve ser feito um “recorte programático” na avaliação das relações entre partidos políticos e candidatos.
“Desde 2010, eu tenho dito que temos que olhar para os programas [de governo] e para as pessoas (...). Se formos olhar para os partidos todos, ou a maioria deles, vão ter problemas”, avaliou.
Requião Filho – que foi classificado por Marina como um candidato com “ousadia e competência” – também não vê problemas em ser apoiado por uma pessoa que é se apresenta como crítica ao seu partido. “O PMDB de Curitiba e o PMDB do Paraná sempre defendeu novas eleições”, disse o candidato. “[Em relação à ‘transferência de votos’ de Marina], eu vou ter que convencer os eleitores dela que mereço este voto”, completou.
Em Ponta Grossa
Pela tarde, Marina cumpre agenda em Ponta Grossa, onde vai manifestar apoio à candidatura de Aliel Machado (Rede) à prefeitura da cidade. Aliel, que é deputado federal, contrariou a posição do partido e votou contra a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma. Para Marina, o fato não causou nenhum tipo de cisão dentro do partido.
“Não temos essa história de enquadrar as pessoas. A Rede entende que houve crime de responsabilidade e defende o impeachment, mas liberou a bancada”, disse a ex-ministra.
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