Efeito Marina: Dilma investe em mídia popular, volta ao Twitter e aguarda o que dizem as pesquisas| Foto: Wilson Doas/ABr

Análise

Candidatura de Aécio é a mais prejudicada, afirma cientista político

A candidatura à Presidência do senador Aécio Neves (PSDB) deve ser a mais prejudicada com a união entre Eduardo Campos e Marina Silva. A avaliação é cientista político Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor daFGV. Segundo Teixeira, Aécio ainda encontra dificuldade para subir nas pesquisas e a chapa Campos-Marina pode atrair o apoio dos descontentes com a polarização PT e PSDB. "Embola o cenário e, inicialmente, quem sai perdendo é o Aécio que tem uma candidatura com dificuldade para ganhar musculatura e vai ter uma batalha mais dura para chegar ao segundo turno." A equipe da pré-campanha de Aécio foi pega de surpresa pela decisão de Marina. O senador tucano Aloysio Nunes (SP) disse desconfiar de que as negociações entre a ex-senadora e Campos tenham sido costurado há algum tempo e não somente na noite de sexta-feira. "É muito difícil que, no Brasil, uma operação política dessa magnitude tenha sido conduzida nesse vulto." Apesar disso, a avaliação dele é de que, com a união entre os dois, aumenta a chance de haver segundo turno em 2014.

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A ida da ex-ministra e ex-se­nadora Marina Silva para o PSB de Eduardo Campos surpreendeu a presidente Dilma Rousseff, que passou a manhã e tarde de sábado atenta ao noticiário. Dilma e seus principais assessores na pré-campanha trabalhavam com a hipótese de que a ex-ministra Marina Silva se abrigaria em um partido, viabilizando a candidatura. A principal aposta da presidente para o futuro de Marina, no entanto, era o PPS.

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Auxiliares da presidente informam que Dilma vai aguardar por novos dados sobre a aliança entre o PSB e Marina Silva. A depender da reação do eleitorado nas futuras pesquisas sobre intenção de voto, poderá repaginar ainda mais a sua imagem e adotar uma feição mais popular.

Estratégia

Por causa da quedas nas pesquisas, em junho, a presidente havia decidido investir em entrevistas a rádios regionais e em roteiros de inauguração de obras. A um ano das eleições, a ideia é fazer de uma a duas viagens por semana para divulgar os programas do governo, em especial os voltados para os mais carentes.

A estratégia de comunicação para a campanha de 2014 foi avaliada por Dilma em jantar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 30 de setembro, no Palácio da Alvorada. Na ocasião, os dois analisaram cenários de disputa e o potencial de crescimento da ex-senadora Marina Silva nas camadas populares e nas redes sociais.

"Do povo"

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Pesquisas qualitativas, que servem de termômetro para medir o humor dos eleitores, mostraram ao governo que Marina começou a ser apontada como "mulher do povo", "humilde" e "gente como a gente". Além disso, ela fez das redes sociais o seu maior ativo contra a burocracia dos partidos políticos, ganhando também adesões na classe média alta.

Diante dessa briga midiática, Dilma decidiu reabrir, no último dia 27, sua conta no microblog Twitter, desativada desde a campanha de 2010. A conversa com "Dilma Bolada", sua paródia no Twitter, e a ofensiva digital foi considerada um sucesso por Lula.

Na prática, o Palácio do Planalto só passou a dar importância a Marina em junho, quando pipocaram os protestos pelo país e ela encostou em Dilma. Até então, petistas diziam que as intenções de voto na ex-senadora, que foi ministra do Meio Ambiente na gestão Lula, eram recall da eleição de 2010, quando ela obteve quase 20 milhões de votos.

Imagem

O desafio de Dilma é retocar a imagem de gerente, desgastada pelos percalços na economia, e combiná-la com uma fisionomia mais popular, como a que vai ar amanhã, no Programa do Ratinho, do SBT. "Vou mandar um fogão para a senhora, hein?", brincou o apresentador ao entrevistá-la, na última quinta-feira, quando lembrou que ela disse ter dons culinários, não exercidos por falta de fogão no Alvorada.

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Foi Lula quem aconselhou Dilma a aparecer em programas de TV destinados às classes D e E e também em rádios regionais. A essas emissoras ela fala o que bem entende, vende o "peixe" do governo e não é questionada sobre denúncias ou escândalos. De quebra, consegue passar o recado para a dona de casa e para eleitores até agora impressionados com Marina.