Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos| Foto: REUTERS / Ueslei Marcelino

Depois de ter o registro de seu partido negado pela Justiça Eleitoral, Marina Silva decidiu se filiar ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), que tem como principal representante o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O anúncio foi feito pela ex-ministra neste sábado (5), último dia possível de filiações para concorrer nas eleições de 2014. A nova socialista não anunciou qual posição deve ocupar no pleito do ano que vem, mas sinalizou em vários momentos que o candidato continua sendo Campos. Ela não confirmou se sairá como vice.

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"O PSB já tem candidato (a presidente), está posto. E por que não apresentar o nosso programa a esse candidato?", disse a ex-senadora.

Apesar da indicação de que Campos seria o nome principal da chapa em 2014, os dois se esquivaram dizendo que ambos seriam "pré-candidatos" ao pleito de 2014. E que a definição sobre o nome principal da chapa se daria "sem ansiedade". Bem humorada, ela disse que Campos era o seu "plano C", "C de Campos". A ex-ministra afirmou que tem "absoluta certeza" de que está sendo coerente e que houve disposição de Campos e dos dirigentes do PSB para aprofundar a aliança.

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Marina continua considerando que faz parte da Rede Sustentabilidade, que seria o primeiro "partido clandestino" da democracia brasileira. O PSB seria um "abrigo transitório" para os apoiadores da Rede. "É uma filiação simbólica, porque continuarei buscando a representação da Rede Sustentabilidade", disse a ex-senadora. "Eu não sou uma militante do PSB, sou uma militante da Rede Sustentabilidade", pontuou.

A união entre Marina e Campos deve provocar temores nos outros possíveis candidatos à presidência: Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição pelo PT, e Aécio Neves (PSDB), provável candidato tucano. Mesmo sem partido, Marina aparece nas pesquisas de intenção de voto em segundo lugar, atrás apenas de Dilma. Campos fica em quarto lugar. Na última pesquisa do Ibope, divulgada em 26 de setembro, Marina tinha 16% das intenções de voto e Eduardo Campos, 4%.

As duas figuras políticas têm histórico ligado ao PT. Marina foi senadora pelo partido e ministra do Meio Ambiente no governo do ex-presidente Lula. Campos também foi ministro de Lula e o PSB apoiou o PT em cinco das seis eleições presidenciais disputadas desde a redemocratização do país. Somente em 2002 os socialistas não apoiaram o PT no primeiro turno, mas se juntaram aos petistas no segundo. No mês passado, o PSB deixou a base de apoio ao governo Dilma.

Rede negada

Em seu discurso, a ex-senadora fez duras críticas às dificuldades impostas à criação de seu partido. Nesta quinta-feira, 04, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro à Rede Sustentabilidade por 6 votos a 1. Os ministros do TSE negaram o registro por considerarem que não foram obtidas as assinaturas exigidas. Antes, um projeto de lei que tramitava no Congresso praticamente inviabilizaria a formação de novos partidos, como o de Marina. A tramitação do projeto foi suspenso em junho por decisão do ministro Gilmar Mendes. As manobras foram chamadas por Marina, em sua fala neste sábado, de "princípio do absurdo".

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