A ex-candidata à Presidência Marina Silva elogiou as manifestações do último domingo, mas disse que qualquer ideia de impeachment — defendida por parte dos manifestantes — pode “aprofundar o caso”. A declaração foi dada em entrevista ao jornal “Valor Econômico” desta sexta-feira. Para a ex-senadora, “sem que se tenha um fato que diga que há responsabilidade direta da presidente da República não nos tira do caos. Pode aprofundá-lo”.
Ex-senadora e ministra do Meio Ambiente, Marina já havia comentado a crise política por meio do seu blog, mas esta foi a primeira vez que ela comentou sobre as manifestações com a imprensa. A ex-presidenciável lembrou que, durante a última campanha presidencial dizia-se que os problemas do Brasil eram só uma dor de cabeça e que se iria dar um analgésico”.
“Agora se quer dar doses de morfina”, declarou Marina, que definiu a manifestação do último domingo como “fantástica”, que superou qualquer expectativa. Ela disse que os protestos atuais diferem das de 2013, que não tinham um foco direcionado, e acusou o governo Dilma de “patrocinar todos esses retrocessos” desde então. Segundo Marina, a população agora vê que Dilma ganhou a eleição sem um programa de governo.
“O que está posto aí (nas manifestações) é uma energia política da sociedade para mudar a nação”, mas que não o impeachment, e sim o diálogo são a melhor saída. Defensora do debate, Marina disse acreditar que o Brasil deveria adotar práticas de “democracias evoluídas”, investindo numa boa composição dos governos, “mediante ao que os partidos têm de melhor”.
Sobre o impeachment, no entanto, foi taxativa:
“A instituição do impeachment (...) é uma questão complexa. Não é porque este ou aquele grupo está insatisfeito que se deve recorrer a esta ferramenta. A tentativa das pessoas de querer voltar à normalidade, talvez com a mesma pressa que tiveram para escolher sem se ater a programa, sem se ater a quais eram os compromissos, não pode ser repetida na hora de reparar o erro. Não é dizer fora fulano ou beltrano. O maior objetivo deve ser o de acolher o Brasil. O Brasil, esse sim, está excluído”.
Marina Silva continua envolvida em viabilizar seu partido, chamado na entrevista por ela mesma de O Rede (e não A Rede), e declarou que nenhum grupo político se beneficia de uma “situação ruim para o país”.
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