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João Santana está preso na PF em Curitiba. | Henry Milleo/Gazeta
João Santana está preso na PF em Curitiba.| Foto: Henry Milleo/Gazeta

O marqueteiro João Santana admitiu, em depoimento prestado na manhã desta quinta-feira (25), à Polícia Federal (PF), ter recebido recursos da Odebrecht e de Zwi Skornicki em conta não declarada no exterior. Ele corroborou declarações de sua mulher, Mônica Moura Santana, que também confirmou os pagamentos.

“Ele abriu esta conta em 1998 para receber recursos de uma campanha realizada na Argentina. Foi a forma que ele tinha de receber. Na época, achava que não tinha problema (deixar de declarar no Brasil), porque eram recursos recebido em outro país”, disse o advogado Fábio Tofic, que atribuiu os pagamentos a dívidas referentes a serviços prestados fora do Brasil, em países como Panamá e Angola.

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Segundo ele, os US$ 4,5 milhões depositados por Zwi Skornicki, operador de propinas para o estaleiro Keppel, são referentes a uma “doação ao partido angolano”, realizada por meio de Skornick.

“Era uma dívida antiga. Nessa área de marketing eleitoral, você demora para receber recursos. Ela (Mônica) disse que tinha este valor a receber, que cobrava insistentemente, e que foi informada de que deveria buscar este rapaz (Zwi Skornicki).”

O depoimento durou cerca de três horas, menos do que o da mulher de Santana, na tarde de quarta-feira (24), que durou quatro horas. Uma das estratégias de defesa do marqueteiro será tentar se desvincular de questões financeiras de serviços prestados por suas empresas, sob o argumento de que cuidava apenas do trabalho de criar campanhas.

Nesta quinta, Toffic confirmou a estratégia, ao dizer que Santana não tomava conhecimento dos problemas relacionados a pagamento por serviços prestados.

“O João não sabia disso, ele é um criador, não trabalha com questão financeira e bancária. Tinha pouco conhecimento de como eram feitos pagamentos”, afirmou.

O defensor disse que o marqueteiro chegou a classificar a conta da empresa Shellbil, usada para receber os US$ 7,5 milhões, como um “tormento”.

“Quem recebe recursos e dinheiro de trabalho honesto, quer receber de forma transparente e regular. Infelizmente, esse é um vício que ainda permanece em alguns países, no Brasil, não”, afirmou o advogado, que disse não caber ao marqueteiro “realizar ampla investigação” sobre a origem do dinheiro usado para pagar seu trabalho.

O advogado informou que Santana e Mônica pretendem regularizar junto à Receita problemas detectados na movimentação financeira de empresas em seu nome. Ele promete regularizar a situação da offshore Shellbil, sediada no Panamá e usada por Santana para receber os recursos investigados.

Além de Santana, também presta depoimento nesta quinta o preso Vinícius Borin. Ele é o representante no Brasil do Antigua Overseas Bank, instituição financeira de Antigua e Barbuda onde duas offshores ligadas a Odebrecht – a Klienfeld e a Innovation Research – mantinham recursos que foram usados para pagar propina, de acordo com a PF.

Ainda está previsto para a tarde desta quinta-feira o depoimento de Maria Lúcia Tavares, funcionária da Odebrecht responsável por editar um planilha localizada pela PF na empresa, com menções a pagamentos para “Feira” (João Santana), “JD” (José Dirceu) e “Prédio (IL)” (possível menção a edifício que Lula pretendia construir com apoio de empreiteiras, segundo a PF).

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