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Entrevista de Marta causou indignação no seu partido, o PT | Antonio Cruz/Agência Brasil
Entrevista de Marta causou indignação no seu partido, o PT| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Pontos de vista

Entrevista gera indignação no PT e repercute na oposição

A entrevista de Marta Suplicy gerou "indignação" e um profundo mal estar entre parlamentares e dirigentes do PT. Para petistas ouvidos, Marta demonstra "mágoa", ignora espaços conquistados dentro da legenda e mostra estar pavimentando sua saída do PT com o objetivo de disputar a prefeitura de São Paulo em 2016.

"É uma entrevista muito ruim para o partido. Essas vaidades, colocando os interesses pessoais acima do partido, prejudicam muito. A militância vê isso com muito maus olhos", resumiu o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice. O deputado Devanir Ribeiro (PT-SP) avalia que Marta carrega uma "mágoa" por ter sido preterida nas escolhas do partido nas últimas eleições para o governo de São Paulo e para a prefeitura da capital.

Oposição

A fala de Marta também repercutiu na oposição. Na avaliação do deputado federal e senador eleito pelo DEM, Ronaldo Caiado, a entrevista poderia mudar o rumo da eleição presidencial, se tivesse sido concedida durante a campanha. "Se ela fosse dada antes das eleições, teria dado uma grande contribuição para o país. Teria força para mudar rumo das eleições", avaliou.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou que a entrevista "reflete o cenário atual" e mostra que o PT é um "partido em frangalhos". "A casa está caindo literalmente. Nessas horas, aqueles que não tinham coragem de fazer oposição se tornam corajosos e os que só tinham o sentimento do adesismo, da cumplicidade e do fisiologismo se sentem encorajados em abrir dissidência", afirmou.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada ontem, a ex-ministra da Cultura e senadora Marta Suplicy (PT) fez uma série de críticas à presidente Dilma Rousseff e aos rumos do PT, partido que ajudou a fundar. Segundo ela, "ou o PT muda ou acaba".

Na entrevista, Marta cita episódios em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também teria criticado Dilma. E sugere que ele gostaria de ter sido candidato em 2014. A senadora, porém, afirma que Lula "nunca admitiu" esse desejo. "Nunca admitiu, mas decepava (sic) ela: ‘Não ouve, não adianta falar’", contou. Para Marta, Lula pode ter desistido de enfrentar Dilma para evitar "uma disputa em que os dois iriam perder".

Ontem, Dilma e Lula optaram pelo silêncio para não criar mais polêmicas com a senadora. A mesma atitude foi observada pelo ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e pelo presidente do PT, Rui Falcão, chamados de "inimigo" e "traidor" por Marta. A entrevista, porém, repercutiu no meio político (leia mais ao lado).

Economia

Na entrevista, Marta definiu a política econômica de Dilma como "fracasso" e disse que a presidente não mudou os rumos da gestão "porque isso fortaleceria a candidatura do Lula". Apesar de elogiar a nova equipe da Fazenda, composta por Joaquim Levy e Nelson Barbosa, Marta sugere não acreditar que eles terão independência para trabalhar. "É preciso ter humildade e a forma de reconhecer os erros é deixar a equipe trabalhar. Mas ela não reconheceu na campanha, nem no discurso de posse. Como que ela pode fazer agora?".

Questionada se a nova equipe econômica poderia recorrer a Lula se contrariada, a senadora afirmou: "Você não está entendendo [referindo-se à jornalista]. O Lula está fora, totalmente fora." Em relação à cisão entre lulistas e dilmistas na sigla, Marta definiu o chefe da Casa Civil, Mercadante, como "inimigo" e disse que o presidente da sigla, Rui Falcão "traiu o projeto do PT".

Ela diz apostar em uma disputa entre Mercadante e Lula em 2018. "Mercadante mente quando diz que não será candidato. Ele é candidatíssimo e está operando nessa direção desde a campanha, quando houve complô dele com Rui e João Santana [marqueteiro] para barrar Lula."

Futuro

Marta se diz decepcionada com o próprio partido e que se sente "há muito tempo alijada e cerceada". "Cada vez que abro um jornal fico estarrecida (...) É esse o partido que ajudei a criar e fundar?". Apesar disso, a senadora diz que ainda é uma "decisão duríssima" a de abandonar o PT. "Não tomei a decisão nem de sair, nem para qual partido, mas tenho portas abertas e convites de praticamente todos, exceto PSDB e DEM."

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