O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso prestou depoimento nesta segunda-feira na Polícia Federal em São Paulo. No depoimento, Mattoso disse que tomou a iniciativa de pedir a emissão do extrato do caseiro Francenildo dos Santos Costa por conta própria.
A tese isentaria o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci de responsabilidade no episódio das violação do sigilo, mas a PF considera a explicação inconsistente.
O caseiro foi o pivô da queda do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Em depoimento na CPI dos Bingos, em março de 2006, o caseiro contara que Palocci freqüentava a casa alugada em Brasília por seus ex-assessores na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) suspeitos de corrupção. O então ministro sempre negara.
Um dia depois do depoimento, a revista "Época" publicou extratos bancários que mostravam depósitos de R$ 38 mil na conta de Francenildo nos últimos meses. O caseiro informou que se tratava de uma doação de seu pai, um empresário do Piauí que não reconhecera a paternidade.
A divulgação do extrato sem autorização judicial acirrou a crise entre governo e oposição. A Polícia Federal passou a investigar a quebra ilegal de sigilo até que, em depoimento, o então presidente da Caixa Jorge Mattoso disse que entregara o extrato nas mãos de Palocci. No mesmo dia, o ministro entregou sua carta de demissão.
Nos próximos dias, o delegado Rodrigo Carneiro Gomes, responsável pelo inquérito que investiga a quebra do sigilo bancário do caseiro, deverá ouvir Francenildo e o jardineiro Leandro Moura, para aprofundar as investigações. Em depoimento na sexta-feira passada, o advogado Wlício Chaveiro disse que, antes de prestar depoimento na CPI dos Bingos, Francenildo revelara ao colega jardineiro que tinha uma conta na Caixa.
Palocci foi indiciado em quatro crimes: quebras de sigilos funcional e bancário, prevaricação e denunciação caluniosa. As penas podem chegar a 15 anos de prisão. O ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso e o jornalista Marcelo Netto foram apontados como executores das ordens de Palocci.
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