O secretário estadual da Educação e irmão do governador Roberto Requião, Maurício Requião, distribuiu ontem uma carta à imprensa pedindo a expulsão do deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior do PMDB. A carta é endereçada ao presidente do diretório regional do partido, Renato Adur. No documento, Maurício ataca o parlamentar e diz que o deputado só elegeu-se graça aos votos da legenda peemedebista.
O pedido de expulsão foi provocado pela votação na Assembléia Legislativa (AL), de terça-feira, que aprovou a criação da Comissão Especial de Investigação para apurar os gastos com Comunicação Social na atual administração estadual. O governo perdeu a votação por um voto (20 a 19) e Stephanes Júnior votou com a oposição. Na próxima segunda-feira, a executiva estadual do PMDB vai instaurar a Comissão de Ética e deve receber o pedido assinado por Maurício Requião.
Na carta, Requião diz que "volta e meia, como astutos camaleões, integrantes do conservadorismo de direita buscam agasalho no PMDB, em busca de vitórias eleitorais. Mas passadas as eleições, a sua natureza conservadora revela-se (...). Esse é o caso do deputado estadual Reinhold Stephanes Júnior".
Maurício Requião acusa ainda Stephanes Júnior de constranger o PMDB em várias situações, como na ocasião em que o deputado estadual Ney Leprevost (PP) apresentou requerimento, que foi aprovado pela AL, declarando o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, como persona non grata no Paraná. Stephanes votou a favor do requerimento. Pelo desconforto que o deputado assume em relação ao partido, pede a expulsão dos quadros do PMDB "Que nunca foi de fato partido de Stephanes Júnor", escreve Maurício Requião.
O deputado estadual Stephanes Júnior diz que não pretende sair do partido e vai entrar, na Justiça Comum, com uma medida cautelar para impedir o processo de expulsão do partido. "Não há amparo legal para o que estão querendo fazer. Não podem punir um parlamentar por discordar em uma opinião. Estão querendo proibir o livre arbítrio de um deputado e ferindo o direito sagrado da democracia", disse.
O parlamentar afirmou ainda que alguns membros do PMDB, entre eles Maurício Requião, o líder do governo na AL, Luiz Cláudio Romanelli, e o líder do PMDB na Casa, Waldyr Pugliesi "Estão querendo me censurar e me criar um constrangimento público. E não só a mim, mas a todos os demais parlamentares do partido". A carta de Requião surpreendeu Stephanes, que disse nunca ter tido qualquer problema com o irmão do governador.
O deputado afirma que não discutirá o tema com o pai, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. "Já tenho maturidade política para minhas decisões e posições. E nesse momento, meu pai está com problemas mais sérios para resolver", afirmou o deputado estadual.
O nome do ministro foi envolvido no assunto. Na sessão de ontem da Assembléia, Romanelli anunciou que pretende integrar a comissão especial de sete deputados que vai apurar os gastos de publicidade do governo e vai propor estender as investigações para o governo Jaime Lerner. O primeiro depoimento que Romanelli pretende convocar é o do ministro Reinhold Stephanes, que integrou o governo Lerner.
O presidente estadual do PMDB, Renato Adur, informou que até ontem nenhum documento por parte de Maurício Requião havia sido protocolado no partido. "Mas na segunda-feira estaremos reunidos e vamos ouvir o Romanelli e o Pugliesi. A executiva vai analisar e ver se encaminha ao Conselho de Ética, que tem uma semana para analisar, inclusive escutando o deputado Stephanes", disse o peemedebista.
Outros setores do PMDB atacaram Stephanes Júnior. O PMDB distribuiu nota assinada pelo vice-presidente estadual da Juventude do partido, Elieuton Francis Mayer, classificando Stephanes Júnior como "um arenista, um filhote da ditadura militar, uma criatura do neoliberalismo do Jaime Lerner e Cassio Taniguchi".
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