Filho de um ex-deputado estadual da década de 80, o médico Nelson Guimarães Vasconcellos Filho está nomeado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) desde o início de março para ocupar um cargo em comissão no gabinete do deputado Márcio Nunes (PSC), com salário de R$ 5.040. Vasconcellos Filho, no entanto, raramente comparece ao gabinete do deputado, onde desempenha a função de assessor parlamentar, de acordo com informações do Portal da Transparência da Assembleia.
O médico – com especialização em nutrologia e que foi responsável pela dieta após uma cirurgia bariátrica ela qual passou o deputado – passa a maior parte do seu tempo atendendo clientes em consultórios que mantém no Paraná e em Santa Catarina.
Sem projetos antiobesidade
Desde que assumiu o mandato neste ano, o deputado Marcio Nunes (PSC) apresentou oito projetos, individualmente. Nenhum deles trata sobre programas de saúde ou controle alimentar para redução de obesidade. Nas propostas apresentadas, ainda em tramitação nas comissões, Nunes pede o retorno da disciplina de OSPB (Organização Social e Política Brasileira) na grade curricular das escolas estaduais; a criação do Parlamento Jovem Paranaense; a implantação do Dia do Demolay – grupo da maçonaria que reúne jovens e adolescentes – ; e a obrigatoriedade dos projetos arquitetônicos das escolas em construção contarem com um sistema de captação de água da chuva.
Com a agenda lotada, segundo informações de funcionárias de suas clínicas, dificilmente conseguiria dividir seu tempo para atuar como assessor na Assembleia. Em Curitiba, Vasconcellos Filho dá expediente em seu consultório, localizado em um prédio da Avenida Marechal Deodoro, nas tardes de terça e quarta-feira. Na quinta-feira, o atendimento médico é realizado em Itajaí, no litoral catarinense. Em Santa Catarina, o médico também realiza consultas em Joinville, Blumenau e Brusque, onde comparece duas vezes por mês. O valor da consulta varia entre R$ 150 e R$ 200, dependendo da cidade.
A Gazeta do Povo entrou em contato com os consultórios de Vasconcellos Filho. Em Itajaí, uma atendente informou que o médico atendia uma vez por semana na cidade. Ela disse ainda que poderia marcar consultas em Brusque e Blumenau, onde Vasconcellos atende a cada duas vezes por mês. Em Joinville, o atendimento seria mensal. No consultório de Curitiba, a secretária disse que a consulta poderia ser marcada para as tardes de segunda e terça-feira. Ela confirmou ainda que Vasconcellos atende nas cidades catarinenses.
Vasconcellos Filho é filho do ex-deputado estadual Nelson Guimarães Vasconcellos, eleito pela primeira vez em 1982, pela região de Umuarama, no Noroeste do estado. O deputado Márcio Nunes, eleito pela primeira vez no ano passado, apesar de ser de Campo Mourão, no Centro-Oeste, tem sua principal base eleitoral em Umuarama, onde obteve a maioria dos cerca de 45 mil votos conquistados com apoio do ex-deputado Nelson Garcia (PSDB), que decidiu abandonar a política.
Em 2014, o médico fez doações eleitorais de R$ 36.450 para a campanha de Nunes, registradas na prestação de contas da campanha.
Exonerado
Questionado pela reportagem sobre o assessor, o deputado disse que exonerou o médico, mas não soube informar a data. No site da Assembleia, o médico ainda consta como funcionário. Segundo a Direção do Departamento Pessoal do Legislativo, a exoneração foi solicitada pelo deputado, mas ainda não foi publicada em Diário Oficial .
O parlamentar disse ainda que o médico foi contratado para fazer uma assessoria de combate à obesidade, com o objetivo de lançar um programa para todo o estado.
Médico alega que trabalhava em horários alternativos
O médico Nelson Guimarães Vasconcellos Filho negou que atuasse exclusivamente na elaboração do projeto de redução da obesidade, divergindo da informação repassada pelo deputado Márcio Nunes. Ele disse que cumpria carga de 40 horas de trabalho na Assembleia, desempenhadas em períodos de viagens, aos sábados e domingos, em pesquisas na internet para formulação de projetos e em reuniões à noite. Ele ainda confirmou que atende pacientes em seus consultórios em Curitiba e em Santa Catarina.
O médico diz que utilizou muito tempo em pesquisas na internet para formulação de projetos e em deslocamentos para Umuarama, onde seria responsável pela instalação de um escritório de atendimento do deputado, que ainda não existe. “Só não foi instalado ainda por causa do clima desfavorável na Assembleia. Decidimos esperar mais um ou dois meses para ter um clima político mais favorável.”
O médico disse que foi contratado para trabalhar por três meses para o deputado, tendo atuado em outros projetos. Disse que fez várias viagens ao interior, trabalhou em finais de semana pesquisando na internet e recolhendo informações com eleitores. Sobre o programa para redução da obesidade, disse que o anteprojeto está finalizado e deve ser apresentado nos próximos dias. Ele considera ter cumprido seu trabalho. “Bom seria se todos os deputados tivessem profissionais qualificados como eu”, afirmou. Disse ainda que não precisa receber dinheiro público sem trabalhar.
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