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O medo e uma onda de boatos - de toque de recolher a estações do metrô metralhadas - pararam a cidade de São Paulo a partir da tarde desta segunda-feira. O crime organizado incendiou 51 ônibus apenas na capital paulista. As zonas sul e leste ficaram completamente sem ônibus. As empresas recolheram a frota, de 5.100 veículos. O número de mortos com os ataques chega a 81. Os feridos somam 49.

Universidades e escolas particulares e públicas encerraram as aulas mais cedo no turno da tarde e cancelaram o da noite. Boa parte do comércio, de shoppings e de rua, fechou as portas. Fóruns fecharam na capital e na Grande São Paulo.

A razão foi o medo da população, diante dos ataques que não cessam há três dias, aliado à uma frente de boatos. O saguão do Aeroporto de Congonhas teve de ser evacuado depois de informações de que seria alvo de atentado.

Com todos voltando para casa ao mesmo tempo, a cidade congestionou. Ficou sem ônibus e sem táxis. Os celulares não completavam, ligações, totalmente congestionados. As pessoas tentavam ir para casa, mas não tinham condução. O metrô lotou.

A Secretaria de Segurança Pública negou qualquer toque de recolher na capital.Um homem foi preso na zona norte, detido em flagrante mandando o comércio fechar as portas.

O diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, reafirmou que não houve toque de recolher algum.

- Acredite e confie na Polícia de São Paulo, utilize o Disque-Denúncia (181) e passe informações para a Polícia. Existe uma Polícia forte na rua e que não negocia com ninguém - disse Bittencourt.

- Em São Paulo não há toque de recolher. O que existe é toque de Polícia na rua. A Polícia está na rua e nós vamos segurar tudo - afirmou.

A polícia criou um grupo de elite, em conjunto com o Ministério Público, para rastrear os ataques. Segundo a PM, 91 pessoas foram presas e 39 bandidos foram mortos em confronto com policiais. Mesmo assim, os ataques não cessaram e chegaram à área nobre da cidade. Em Higienópolis, uma base policial foi metralhada perto da hora do almoço. Um ônibus foi incendiado em pleno bairro do Campo Belo, na zona sul.

Nesta noite, 141 viaturas da Rota - a temida Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar - sairá às ruas para o patrulhamento, anunciou a PM.

Os ataques a ônibus foram dezenas à noite e continuaram à luz do dia. Depois de espalhar pânico na zona sul ateando fogo a ônibus na madrugada, o crime organizado mudou o alvo para a zona leste.

Na madrugada, pelo menos 11 agências bancárias também foram transformadas em alvo pelos bandidos. A Federação Brasileira dos Bancos divulgou nota de repúdio à violência.

Nos ataques aos ônibus, grupos de bandidos paravam os veículos e mandavam os passageiros descer. Em seguida, jogavam gasolina e ateavam fogo. Até mesmo o Corpo de Bombeiros, na tentativa de conter os incêndios, foi recebido a tiros pelos criminosos.

Uma estação do metrô foi atacada a tiros, emArtur Alvim, na zona leste. Mais de nove terminais de ônibus ficaram fechados.

Os ataques nas ruas são simultâneos às rebeliões nos presídios. Desde sábado, detentos de 69 prisões do estado se rebelaram.Nesta segunda-feira, o motim acalmou e só duas continuam rebeladas. No início da manhã, eram 46 estabelecimentos prisionais rebelados, com mais de 200 reféns.

A madrugada desta segunda-feira foi também marcada pelo confronto entre policiais e bandidos, com ataques e revides.

A polícia contra-atacou e matou 13 em tiroteios durante a madrugada.

Um carcereiro foi executado na zona leste. Ele trabalhava no 4 Distrito Policial de Santo André, no ABC paulista.

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