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Meirelles: “Minha relação com o presidente era totalmente focada em assuntos do Banco Central ou de política econômica. Nunca vi ou presenciai nada que pudesse ser identificado como ilícito ou ilegal”. | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Meirelles: “Minha relação com o presidente era totalmente focada em assuntos do Banco Central ou de política econômica. Nunca vi ou presenciai nada que pudesse ser identificado como ilícito ou ilegal”.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro da Fazenda do governo Temer, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira (10) não ter presenciado nada “ilícito ou ilegal” durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi presidente do Banco Central. Meirelles também afirmou que sua relação com parlamentares se restringia a depoimentos em comissões e não teve conhecimento sobre a suposta compra de apoio no Congresso Nacional.

As declarações foram dadas em depoimento por videoconferência ao juiz Sergio Moro, em ação penal no âmbito da Lava Jato que investiga supostos crimes de lavagem de dinheiro do ex-presidente por meio de obras em um apartamento tríplex no Guarujá (SP). Meirelles estava em Brasília e Moro, em Curitiba.

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Só perguntas da defesa

Meirelles foi questionado apenas pela defesa do ex-presidente. Moro não fez nenhuma pergunta e chegou a brincar que teria questionamentos econômicos, mas que aquela não era a ocasião apropriada para fazê-los.

A defesa de Lula perguntou se o ministro, quando foi presidente do Banco Central, identificou alguma prática indevida – como, por exemplo, Lula comandar um esquema de corrupção no governo. “Minha relação com o presidente era totalmente focada em assuntos do Banco Central ou de política econômica. Nunca vi ou presenciai nada que pudesse ser identificado como ilícito ou ilegal”, afirmou o hoje ministro.

Os advogados de Lula também perguntaram a Meirelles se, no contato com parlamentares para cumprir funções do Banco Central, ele teria tomado conhecimento de algum dado que pudesse indicar que o governo estaria promovendo a compra de apoio para expandir sua base no Congresso.

Meirelles respondeu que a relação dele com o Parlamento se restringia a depoimentos em comissões e à prestação de contas do Banco Central (BC) ao Senado. Sob seu comando, reforçou, a autoridade monetária não se envolveu em políticas de governo ou na relação com parlamentares.

“Não tive conhecimento [sobre compra de apoio], porque minhas presenças no Congresso diziam respeito exclusivamente a assuntos do BC. Para ser mais preciso, pode ter havido algum parlamentar que pediu audiências ao BC para mencionar situação específica de interesse do Banco Central, mas não tive nenhum tipo de conhecimento ou interação com outros assuntos que não fossem do BC”, afirmou Meirelles.

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A defesa de Lula insistiu no questionamento sobre se Meirelles teve conhecimento de fato que indicassem a presença de uma estrutura criminosa no governo chefiada diretamente pelo ex-presidente. “Não tive acesso a nenhuma informação sobre isso, me limitava aos assuntos do BC”, repetiu o ministro.

Independência

Meirelles confirmou ainda que Lula cumpriu a promessa de dar independência operacional a ele na presidência do Banco Central, cargo em que permaneceu durante todo o período que compreende os dois mandatos do petista (2003-2010). “Independente de desacordos que tive com outros membros do governo e outros ministros, sempre tomei decisões no BC de forma independente e o presidente Lula me manteve no cargo”, relatou.

O ministro também foi perguntado sobre os resultados econômicos do governo Lula e avaliou que o grande fator daquele período foi a estabilização da inflação e da economia, com a queda dos custos financeiros e dos juros para as empresas. “Isso levou ao aumento do crédito e do crescimento. Paralelamente, o governo adotou políticas de cunho social para complementar a renda da população mais necessitada”, afirmou.

Pergunta barrada

A defesa de Lula ainda chegou a perguntar se, na avaliação de Meirelles, o governo Lula teria trazido benefício para o país, e não benefícios próprios para pessoas do governo, mas essa pergunta foi impugnada pelo juiz Sergio Moro, que disse não “ser apropriado fazer propaganda política” no depoimento.

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