O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) afirmou nesta sexta-feira (15) que, uma vez identificados, os parlamentares que integram a CPI do Cachoeira e participaram recentemente de um almoço em Paris com Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, deveriam pedir afastamento da comissão. Também nesta sexta-feira, o deputado federal Maurício Quintella Lessa (PR-AL) admitiu pelo Twitter que encontrou com o dono da Delta.
Na quinta-feira, requerimento pela convocação de Cavendish à CPI foi rejeitado por 16 votos contra 13. Logo depois, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) denunciou a existência de uma "tropa do cheque" para proteger a Delta nas investigações e pediu à CPI que investigasse o encontro de parlamentares que integram a comissão com Cavendish em Paris, na Semana Santa.
O líder do PSDB considerou a denúncia grave e disse que a CPI está "sob orientação política suspeita". "É preciso recolocar a CPI nos trilhos da investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal traficante de influência", afirmou.
A Delta é apontada pela Polícia Federal como integrante do esquema criminoso montado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, preso desde 29 de fevereiro por corrupção, formação de quadrilha e outros crimes. De acordo com a PF, a Delta, maior detentora de contratos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com negócios em vários estados, repassou dinheiro a empresas fantasmas controladas por Cachoeira.
No Plenário, Álvaro Dias lamentou a postura de alguns parlamentares que tiveram a "ousadia de tentar justificar a não convocação de Cavendish". "O empresário teve o acinte de afirmar que compraria um senador com R$ 6 milhões, e agora a comissão se recusa a ouvi-lo. Ou seja, há não só omissão, há conivência e cumplicidade daqueles que não aceitam convocá-lo para que possa ser devidamente questionado e responsabilizado pelos seus atos", afirmou.
Ainda conforme o senador, ficou claro que recursos volumosos saíram dos cofres públicos, especialmente do governo federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a conta bancária da Delta. "Da Delta, o dinheiro saía para o dinheiro alimentava contas bancárias de integrantes da quadrilha Carlos Cachoeira. Isso está explícito nos documentos sigilosos que chegam à CPI".