Era para ser apenas um simples treino de véspera de jogo, em que o técnico Carlos Alberto Parreira confirmaria a escalação do Brasil contra a Venezuela. Mas o excesso de público no Mangueirão acabou causando uma tragédia: três portões do estádio de Belém foram arrombados e uma menina de dez anos, Elineli dos Santos, morreu com traumatismo craniano após ser pisoteada.
Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do estádio, mais de 100 pessoas ficaram feridas. Foram confirmados 60 atendimentos médicos e os três casos mais graves foram encaminhados para um pronto socorro na capital paraense.
Parecendo adivinhar que o excesso de torcedores poderia provocar tumulto, o lateral Cafu comentou ao fim do treino:
- Espero que não tenha ninguém gravemente ferido, ninguém esperava tanta gente - disse ele.
Histeria até durante o aquecimento
Cerca de 60 mil pessoas foram ao estádio, segundo a Polícia Militar do Pará. A estimativa da PM era de que 25 mil torcedores fossem ao treino, mas esse número foi alcançado por volta das 14h, três horas antes do início da atividade. A entrada era simbólica: um quilo de alimento não perecível.
Na arquibancada, os torcedores se comportaram como se assistissem a um show de rock. A torcida gritava até mesmo durante o aquecimento. Com a bola rolando, a histeria era dirigida principalmente a Kaká e Robinho.
A gritaria na arquibancada era tamanha que Parreira decidiu conversar separadamente com cada titular, já imaginando que não conseguiria passar instruções durante o treino.