O adolescente Luís Henrique Dias Bulhões, 13, morto na manhã de sábado (26) após ser atingido na cabeça por um tiro disparado por um policial militar, em Rondonópolis (MT), foi enterrado as 10h40 (horário local) deste domingo (27) em Sonora, que fica no interior de Mato Grosso do Sul (MS) - a cerca de 120 Km de Rondonópolis.
Era nesta cidade, que tem cerca de dez mil habitantes, que os pais do garoto moravam. Cerca de cem pessoas - entre amigos, familiares e curiosos - acompanharam o velório e o sepultamento do garoto.
A Prefeitura de Rondonópolis pagou o transporte do corpo do menino entre Rondonópolis (MT) e Sonora (MS), além de todas as despesas com o funeral. A prefeitura também mandou uma equipe de enfermeiros e psicólogos para acompanhar a família.
O secretário de Administração da prefeitura, Gastão de Matos, informou que a preitura dará todo o apoio necessário para a família, na medida do possível. O prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti, decretou luto oficil por três dias.
Policiais afastados
O Comando da Polícia Militar afastou neste sábado os sete policiais que estavam dentro do microônibus no momento dos disparos que mataram um adolescente e deixaram nove pessoas feridas.
Segundo o delegado regional de Rondonópolis, João de Morais Pessoa Filho, os policiais foram afastados temporariamente até a conclusão das investigações, prevista para acontecer daqui a 30 dias.
De acordo com o delegado, nenhum dos policiais deverá ser detido até o final da apuração do caso, que será feita em conjunto pelas polícias Civil e Militar, além do Ministério Público.
Negligência
O governo de Mato Grosso admitiu neste sábado que houve negligência na simulação da Polícia Militar que resultou na morte do menino.
"Há o evidenciamento no mínimo de uma negligência, uma negligência gravíssima", afirmou o secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Carlos Brito. "O caso foi e será apurado com todo o rigor e haverá responsabilização ao final das investigações", disse.
Mais cedo, o governador Blairo Maggi (PR), em entrevista ao G1, havia defendido uma "apuração rigorosa" do caso. Ele disse que, em sua opinião, "não foram observados os procedimentos corretos" durante a operação.
Para apurar o caso, foram instaurados inquéritos da corregedoria da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Ministério Público. Em entrevista coletiva na tarde deste sábado, o secretário prometeu a conclusão de todas as investigações em, no máximo, 30 dias.
Segundo o comandante geral da PM de Mato Grosso, Antônio Benedito Campos Filho, que também participou da entrevista, o tiro que matou o garoto foi disparado de uma arma calibre 12. Na operação, eram utilizadas armas de calibre 12 e 762.
Dos 16 policiais que participavam da simulação, sete estavam dentro do ônibus no momento dos disparos.
De acordo com o comandante, os 16 policiais foram ouvidos neste sábado e todas as armas usadas na operação foram apreendidas e passarão por perícia.
O acidente
Uma multidão entre 500 e 600 pessoas participava de uma apresentação da Polícia Militar na Escola Municipal Princesa Isabel, em Rondonópolis. A PM simulava o resgate de um seqüestro com refém, como parte de um projeto promovido pela prefeitura. Em vez de balas de festim, balas de verdade foram usadas no evento.
De acordo com o comandante da PM, simulações como esta são realizadas há anos pela polícia e nunca houve nenhum tipo de problema. "Foi a primeira vez. Uma fatalidade", disse.
Além de Luís Henrique, outras nove pessoas atingidas, entre elas seis crianças, foram levadas para o mesmo hospital.
O boletim médico informou que já foram liberados Lindersan da Conceição, 9 anos; Gislaine Karine Pereira, 11 anos; Franciele Lopes Ferreira, 12 anos; Ellen Karine Mendes da Silva, 13 anos; e Maria Aparecida do Nascimento, 78 anos.
Continuam internados Jéssica Gonçalves Sil,a 9, que foi operada para tirar uma bala das coxas; Willian César Arruda Batista, 10; o policial militar Gilberto Carlos, 29; e a professora Purcina Adriano Ferreira, 33, que está com uma bala alojada perto do olho e deve precisar de cirurgia.
Outras duas pessoas passaram mal após o acidente e foram encaminhadas para o Hospital Municipal Antônio Santos Muniz, mas já foram liberadas.
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