O menor número de pessoas nas manifestações contra o governo da presidente Dilma Rousseff realizadas neste domingo, 12, em todo o Brasil, em relação a 15 de março, mostra que o debate em torno de algumas bandeiras, como o impeachment da presidente, é mais complexo e precisa de condicionantes, avalia Marco Antonio Carvalho Teixeira, cientista político e professor da FGV. “Sinaliza ainda que as respostas buscadas pelo governo federal, como a sanção da lei anticorrupção e trocas em alguns ministérios, surtiram efeito, ainda que a insatisfação da população tenha crescido”, complementa.
“A rejeição das pessoas em relação ao governo não diminuiu. O governo continua muito mal avaliado, mas como não existe um fato que justifique o impeachment, as pessoas se questionam se vale todo o esforço quando o resultado não é concreto”, avaliou Teixeira, em entrevista ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Foi registrado um menor número de pessoas na maioria dos atos realizados no País. Em São Paulo, a Polícia Militar registrou 275 mil pessoas, às 16 horas, contra estimativa de público de 1 milhão em 15 de março. Quase todos os Estados e o Distrito Federal registraram atos contra o governo Dilma. Além de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, Manaus, Recife e outros. Em muitas cidades, os protestos já foram encerrados.
Para o professor da FGV, o discurso que pede o impeachment de Dilma é pouco sustentável. O fato de a oposição sequer ter aderido ao debate, diz, é prova disso. Carvalho Teixeira disse ainda que a ausência do senador Aécio Neves (PSDB) nos protestos de hoje, assim como em 15 de março, é cálculo político e não está condicionada ao número de pessoas. “Ele poderia ser impedido de ir ou ser vaiado”, observou o especialista.
Sobre a postura do governo em relação às manifestações de hoje, o cientista político avaliou como assertiva a decisão de partir para a discrição. Segundo ele, o governo cometeu “grande erro” ao impulsionar os atos anteriores com pronunciamentos em rede nacional e aparições da presidente Dilma, geralmente seguidos por panelaços.
“O governo percebeu que não vale a pena se pronunciar em rede, pois o clima de rejeição é muito grande e é melhor trabalhar com comunicados e atuar em questões mais pontuais. Tiraram a presidente Dilma de cena e as respostas dadas ajudaram a diminuir o tamanho da mobilização”, analisou Teixeira.
Ele lembrou ainda que os principais mobilizadores dos atos contra o governo federal têm capilaridade em redes sociais, mas não possuem tanta estrutura organizacional para levar um grande contingente de pessoas às ruas. Hoje, o Partido dos Trabalhadores e simpatizantes da ala pró-Dilma preferiram usar as redes sociais para reagir às manifestações. Conseguiram, inclusive, colocar a hashtag #AceitaDilmaVez nos assuntos do momento (trending topics) do twitter.
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