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Depois de ter confessado sua participação na morte do menino João Hélio, o menor envolvido no caso quer prestar novo depoimento para mudar sua versão no processo. Nesta terça-feira (6), depois de ter confirmado em juízo o depoimento anterior, ele pediu à juíza Adriana Angeli de Araújo, da 2ª Vara da Infância e Juventude, para ter uma conversa com ela informal ao fim da audiência. No diálogo, ele negou participação no crime.

O menor não prestou depoimento formal nesta terça-feira porque, segundo a juíza Adriana, o promotor que estava participando das audiências está impedido de atuar nesse processo. "Eu ouvi informalmente o adolescente só para saber o que ele queria me dizer. Na segunda-feira, se necessário for, vou tomar de novo o depoimento dele formalmente. Ele agora apresenta uma nova versão. Ele nega a participação dele no crime. Mas isso só vai ser confirmado em juízo quando ele prestar depoimento. Para todos os efeitos, isso não está confirmado."

Além do menor, também compareceram a audiência os quatro maiores acusados do crime. Eles, no entanto, não foram ouvidos pela juíza.

A audiência desta terça-feira (6) começou por volta das 16h. Bastante abatidos, os pais de João Hélio chegaram de táxi e vestiam camisetas com a foto do filho estampada. Foram ouvidas três testemunhas de acusação do caso João Hélio: a mãe do menino, Rosa Cristina Fernandes, o delegado assistente da 30ª DP (Marechal Hermes) Alexandre Capote, que participou das investigações, e o policial Sérgio Navega da Silva, que encontrou o corpo do menino logo após os acusados de praticar o crime terem deixado o local.

A irmã de João Hélio, Aline, também seria ouvida nesta terça, mas, por não estar em condições emocionais de depor, foi dispensada. Segundo a juíza, ainda não se sabe se a menina irá testemunhar. "Não sabemos ainda se haverá necessidade ou não de ouvir a Aline. Se for o caso vamos marcar uma nova data para ouvir o depoimento dela."

Nova audiência é segunda

Uma nova audiência está marcada para acontecer na próxima segunda-feira (12). Neste dia serão ouvidas testemunhas que vão reconhecer, ou não, os rapazes que participaram do assalto. Eles podem confirmar a participação do menor da Vara da Infância. Na audiência, os quatro acusados e o menor serão levados novamente para o prédio que funciona na Rua Rodrigues Alves, na Zona Portuária do Rio.

Na segunda, além do motoqueiro que acompanhou o carro logo após o assalto, também será ouvido o motorista de um veículo que teria visto o menino sendo arrastado e que tentou alertar os acusados do fato. Foi para este homem que os acusados teriam dito que o corpo arrastado seria o boneco de Judas. Segundo a juíza, o motorista reconhece os envolvidos. Também será ouvido o morador de uma casa que fica perto do local onde o veículo roubado foi abandonado e mais duas pessoas que se apresentaram para depor e que dizem ter presenciado o crime e que estariam dispostas a prestar esclarecimentos.

Mãe não fica na mesma sala que acusados

Rosa não ficou em nenhum momento frente a frente com os acusados. Ela identificou dois maiores envolvidos no crime. Carlos Eduardo Toledo Lima e Diego Nascimento da Silva foram reconhecidos por meio de uma pequena fresta na porta. O menor não foi reconhecido pela mãe do João Hélio como a pessoa que fez a abordagem na hora do assalto.

Segundo a juíza, nesse tipo de caso, todo cuidado é tomado para garantir que os acusados não vejam a pessoa que está fazendo o reconhecimento. Rosa chorou em diversos momentos. "Ela ficou muito abalada, como já era de se esperar", disse a juíza. "Tentamos não tomar o depoimento dela a respeito da parte sensacionalista, porque a gente já sabe o que aconteceu daí para frente. Não me interessa o que aconteceu para ela depois do momento que o carro saiu arrastando o filho dela, porque isso eu já sei. E isso só vai traumatizar ainda mais essa mãe", completou Adriana.

Rosa disse que durante o assalto ficou muito nervosa e que não sabe se uma terceira pessoa entrou no carro. A dúvida, segundo a juíza, ainda é se seriam quatro ou cinco assaltantes. A mãe de João Hélio afirmou, no entanto, que não descarta a possibilidade do menor ter entrado na parte traseira do veículo. A juíza pretende esclarecer essa dúvida com as testemunhas na próxima segunda-feira.

Sentença do menor sai na próxima segunda, diz juíza

Na segunda-feira deve sair a sentença do menor. "Temos 45 dias para julgar. Então, no máximo, na semana que vem isso estará sendo sentenciado", afirmou a juíza.

Adriana disse ainda que, de acordo com que ouviu até agora e com todos os depoimentos que leu e foram colhidos na delegacia, tem em mente uma noção do que ficou provado nos autos. "O meu convencimento tem que ser com base nas provas que existem no processo. Eu já estou seguindo uma linha nesse sentido de ficar comprovado ou não a participação do menor, que é o que me cabe julgar."

Menor pode ser beneficiado por bom comportamento

Ninguém sabe o tempo que o menor cumprirá de medida sócio-educativa. Esse prazo não é estabelecido nem pela própria juíza que dará a sentença. "A gente não estabelece prazo. A gente fala em internação. Depois que a medida de internação é fixada, o menor vai sendo reavaliado periodicamente. Dependendo do comportamento dele, faz-se um cálculo de pontuação e, à medida em que ele vai participando de cursos e palestras, ele vai somando pontos para ser reavaliado."

A equipe técnica – como assistentes sociais e psicólogos - faz um relatório e diz se o menor está apto a receber a progressão de regime ou não. "Se a equipe concluir que ele está apto a receber a progressão de regime, um relatório é feito sugerindo a progressão. O Ministério Público e a defesa são ouvidos e aí é feita a reavaliação dele. Nessa reavaliação, ele pode ser mantido na internação ou pode ser progredido para um regime semi-aberto, que é a chamada semi-liberdade."

A decisão final, no entanto, cabe ao próprio juiz da Infância e da Juventude.

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