Além de sua proximidade com o governo federal e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro também recebia pedidos de doações eleitorais de integrantes da oposição. As mensagens obtidas em seus celulares pela Polícia Federal mostram solicitações de ao menos três parlamentares oposicionistas: o presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (DEM-RN), o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).
Pode haver ainda outras comunicações com oposicionistas, porque as mensagens de Pinheiro filtradas pela Polícia Federal em seu relatório representam menos de 1% de um universo de 80 mil mensagens.
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Agripino Maia já é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de ter negociado o pagamento de propina da OAS na construção da Arena das Dunas, estádio construído em Natal para a Copa de 2014. À época, ele considerou a acusação “absurda, inverídica e descabida”.
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Leia a matéria completaEm 31 de julho de 2012, número identificado pela PF como do senador Agripino Maia enviou uma pergunta ao celular do empreiteiro: “Com quem o Romero, tesoureiro do partido, deve se contactar para transmitir os dados do DEM nacional? Grato por tudo”.
Depois, um funcionário da OAS também envia uma comunicação a Léo Pinheiro, que aparenta ser uma resposta ao pedido do DEM. “Dr. Leo. Já falei com o Romero e combinamos dia 10/8 - 250 e 10/9 - 250”. O diretório nacional do DEM declarou à Justiça Eleitoral, em 2012, ter recebido duas doações da Construtora OAS, no valor total de R$ 500 mil, nos dias 10 de agosto e 10 de setembro.
Foi encontrado também um suposto pedido de Agripino Maia de agosto de 2014, mas a PF não identificou o interlocutor de Pinheiro nesta mensagem.
De Rodrigo Maia, há pedido de doação, encontros e conversa sobre projetos do Congresso. “A doação de 250 vai entrar?”, escreveu um número identificado como o do deputado do DEM, em 17 de setembro de 2014. Em 26 de setembro, ele reitera: “Se tiver ainda algum limite pra doação, não esquece da campanha aqui”.
À Justiça Eleitoral o diretório nacional do DEM declarou ter recebido em doações R$ 2,3 milhões da construtora OAS em 2014. Nenhum dos depósitos, porém, ocorreu depois de 17 de setembro -todos os seis repasses ocorreram no mês de agosto.
Em outra ocasião, em julho de 2014, Léo Pinheiro encaminha para o dono da UTC uma mensagem que ele teria recebido do deputado do DEM. “De: Rodrigo Maia. Você poderia pedir ao Ricardo Pessoa pra me receber? Ele está em São Paulo”. Pessoa respondeu que telefonaria para ele no dia seguinte.
No mesmo mês, o então presidente da OAS encaminha para um destinatário desconhecido uma outra mensagem supostamente recebida de Rodrigo Maia. “Saiu MP nova. Trata de programa de desenvolvimento da aviação regional. Prazo de emenda até 8/8”. Léo Pinheiro completa com um comentário: “Vamos preparar emendas”.
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Leia a matéria completaTucano
Já o deputado Jutahy Júnior enviou duas mensagens em 2014 abordando o tema doações, segundo a PF. A primeira é um pedido, em 29 de setembro: “Caso seja possível gostaria da sua ajuda para Varjão [funcionário da OAS] completasse o combinado. Desde já agradeço a grande ajuda que vcs deram para minha campanha. Do amigo Jutahy”.
Antes dessa solicitação, em 14 de setembro um funcionário de Léo Pinheiro lhe informou que naquele dia o empreiteiro falaria com Jutahy.
A segunda mensagem do deputado tucano, um agradecimento, em 3 de novembro daquele ano: “Entreguei hoje minha prestação de contas da minha campanha sem débitos. Mais uma vez obrigado pela grande ajuda de vcs. Abrç amigo do Jutahy”. Jutahy declarou à Justiça Eleitoral, em 2014, o recebimento de uma doação de R$ 30 mil da OAS.
Outro lado
O senador Agripino Maia confirmou ter procurado Léo Pinheiro para pedir doações eleitorais. De acordo com ele, a OAS colabora, há várias eleições, com o DEM e todos os outros partidos.
“A OAS doou para diversos diretórios nossos. Todas os repasses são absolutamente legais e constam nas prestações de contas. Ainda assim, o DEM está à disposição para fazer qualquer esclarecimento necessário”, afirmou. A reportagem não conseguiu localizar Jutahy Junior. Rodrigo Maia não retornou ao contato.
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