O prefeito de Londrina, Barbosa Neto, criticou o Gaeco: “Hoje está nas mãos de adversários políticos”| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Caso Centronic

Barbosa diz não temer comissão formada por três oposicionistas

Telma Elorza

O prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), garantiu, ontem, durante inauguração da Capela Mortuária do Jardim Maracanã, que não está preocupado com o fato de três vereadores da oposição comporem a comissão processante (CP) da Centronic. A CP, que será instalada na próxima segunda-feira, vai investigar se a prefeitura pagou o salário de vigias que atuavam na Rádio Brasil Sul AM, de Barbosa Neto.

Para o prefeito, os vereadores farão um trabalho responsável. "Nós esperamos apenas ter garantido o amplo direito de defesa. Espero que a democracia seja respeitada e que não haja um linchamento público." Vereadores da base aliada foram sorteados para compor a CP, mas não quiseram participar.

Barbosa disse que não vai exonerar o chefe de Gabinete, Rogério Lopes Ortega, nem o diretor de Participações da Sercomtel, Alysson de Carvalho, indiciados por corrupção ativa. "Até agora não tive provas documentais que comprovem que estão envolvidos em caso de corrupção."

O pedetista questionou a imparcialidade do Gaeco. Segundo ele, o Gaeco é um grupo nomeado e pago pelo governo do estado, "que hoje está nas mãos de adversários políticos". "Um vereador da oposição, do mesmo partido do governador do estado, armou uma armadilha, dentro de um prédio público. O Gaeco é nomeado pelo governo do estado. Ele vai investigar coisas contra o patrão?", disse.

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Apesar de não haver provas do envolvimento direto do prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), no esquema de compra de votos na Câmara de Vereadores, sua administração tem se beneficiado disso. Essa é a conclusão do inquérito feito pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que indicou que há uma quadrilha na cidade que aplica o sistema do mensalão – pagamento em dinheiro em troca de apoio de parlamentares nas votações de interesse.

Com base na conclusão, o Gaeco indiciou formalmente Marco Cito, braço-direito de Barbosa e atual coor­­denador do PDT; Rogério Ortega, atual chefe de gabinete da prefeitura; Alysson de Carvalho, diretor da Sercomtel; o amigo do prefeito Ludovico Bo­­nato e o verea­­dor Eloir Va­­lença (PHS) por formação de quadrilha.

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Os quatro primeiros também foram acusados por corrupção ativa, e o vereador Eloir, por corrupção passiva. A promotoria tem prazo até o dia 11 para denunciá-los judicialmente. Enquanto isso, continuam presos. Hoje, o Gaeco entra com pedido para converter as prisões temporárias em preventivas.

O Gaeco também vai investigar outros casos de suspeita de compra de votos. Os investigadores suspeitam que o mensalão de Londrina pode ter sido usado durante outras votações importantes feitas pela Câmara de Vereadores.

"São todos integrantes de um grupo criminoso formado para defender os interesses da administração", acusou Alan Flore, delegado do Gaeco. "Temos elementos probatórios fortes e pedimos desculpas para a sociedade por não poder revelá-los por estarem sob sigilo", disse o promotor Claudio Esteves.

Para o Gaeco, o grupo ofertava propina e cargos na administração e prometia financiamento para as campanhas eleitorais dos vereadores dispostos a apoiar Barbosa Neto na Câmara. O Gaeco afirma que desde o fim de março, após a morte do vereador Renato Lemes, que era da base aliada, o grupo de apoio tentou cooptar um substituto. "Para o vereador Eloir, foi ofertada a possibilidade de financiamento eleitoral da mesma forma que para o vereador Amauri Cardoso", declarou o delegado.

Eloir alega inocência. Amauri foi quem denunciou o caso ao Gaeco, que passou a monitorar o caso. O esquema veio à tona na semana passada, quando Bonato foi preso em flagrante após a entrega de R$ 20 mil a Amauri. "O prefeito pode não saber? Perfeitamente pode e nada temos para indicar a participação direta dele no caso", afirmou Esteves.

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O Gaeco informou que não sabe a origem dos R$ 20 mil. Com base em uma confissão informal de Bonato no dia da prisão, concluíram que o dinheiro foi levado pelo diretor da Sercomtel Alysson Carvalho e entregue para Marco Cito no estacionamento nos fundos da prefeitura.