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“Quem diz que o mensalão existiu não sou eu, mas sim todo o processo de investigação. Fui apenas um sistematizador.” Osmar Serraglio, vice-líder do governo na Câmara Federal e relator da CPI dos Correios | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
“Quem diz que o mensalão existiu não sou eu, mas sim todo o processo de investigação. Fui apenas um sistematizador.” Osmar Serraglio, vice-líder do governo na Câmara Federal e relator da CPI dos Correios| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Brasília - Em meio à guerra de versões sobre o que realmente foi o mensalão e às vésperas do julgamento dos acusados de envolvimento no esquema pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o governo acaba de nomear como vice-líder na Câmara dos Deputados o paranaense Osmar Serraglio (PMDB). Relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista dos Correios, entre 2005 e 2006, ele foi um dos pioneiros na investigação do escândalo. Ao contrário do ex-presidente Lula, ele assegura que o episódio existiu, mas que pode ser avaliado por aspectos positivos.

"O mensalão libertou o governo Lula", diz o peemedebista. "É só ver os índices de aprovação dele antes dos acontecimentos e depois, quando houve uma depuração no Ministério. No começo, tinha gente que dizia que estávamos em um regime parlamentarista, em que havia um primeiro-ministro [José Dirceu] que mandava internamente e um presidente que mandava para fora [Lula]."

Para Serraglio, não há qualquer ambiguidade na indicação para assumir a vice-liderança do governo. "Na época da CPI eu já era governista." Desde 2006, porém, ele tem enfrentado dificuldades de convívio com setores da base aliada e da cúpula do PMDB.

Em 2007, ele disputou como candidato avulso, sem apoio oficial do partido, a primeira-secretaria da Câmara e ganhou. Em 2009, chegou a lançar-se à presidência da Casa, contra o correligionário e hoje vice-presidente da República, Michel Temer, mas foi convencido a desistir horas antes da eleição. Há três meses, novamente contrariando os interesses da legenda, concorreu à primeira vice-presidência da Casa e perdeu para a colega Rose de Freitas (ES).

Como vice-líder do governo, Serraglio terá de agir como interlocutor dos interesses do Palácio do Planalto. Além dele, também foi nomeado para a função Rodrigo de Castro (PR-RR). Ao lado do líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), eles vão encaminhar e negociar as votações das principais propostas de interesse do governo.

Advogado e mestre em Direito Constitucional pela PUC de São Paulo – ele foi colega de turma do ministro do STF Carlos Ayres Britto e aluno de Michel Temer –, Serraglio está no quarto mandato como deputado. O auge da trajetória parlamentar foi a relatoria da CPI dos Correios. "Demorei dois dias para decidir se aceitava ou não. Depois foram dez meses de trabalho, dez horas por dia." O relatório ajudou a embasar o processo em andamento no STF, que deve ser julgado nos próximos meses.

Na semana passada, outro paranaense diretamente envolvido na questão, o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que há elementos suficientes para condenar todos os réus. Segundo ele, a prova mais forte é que "parte relevante dos valores teve origem em recursos públicos". Souza foi o autor da denúncia acatada pelo STF.

Para Serraglio, o julgamento não sofrerá pressões do Executivo. Ele avalia que a grande cisão no governo ocorreu em 2005, quando Dilma Rousseff substituiu José Dirceu na Casa Civil.

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