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Atualizado em 19/04/2006 às 21h20

O deputado José Mentor (PT-SP) teve que esperar até o final da apuração para respirar aliviado. Acusado de envolvimento com o mensalão, o petista escapou de ser cassado por 16 votos. O parecer favorável à perda do mandato recebeu 241 votos a favor (eram necessários 257, no mínimo) e 175 contra, além de oito abstenções, seis votos nulos e dois brancos.

Após o início da sessão, o primeiro a se pronunciar na tribuna foi o deputado Nelson Trad (PMDB-MS), relator do processo contra o petista no Conselho de Ética. Ele justificou seu parecer a favor da cassação dizendo que Mentor feriu a ética parlamentar .

Em protesto contra a absolvição de outros acusados de envolvimento no mensalão, um grupo de 14 deputados abriu seu voto, mostrando a cédula em direção aos fotógrafos. Aldo Rebelo tinha avisado que não aceitaria a abertura do voto no julgamento para não dar brecha a questionamentos jurídicos que possam anular a votação. Aldo, no entanto, declarou seu apoio à proposta que institui o voto aberto nas sessões de cassação de mandato e disse que poderá pôr a PEC, de autoria do deputado Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) na pauta do plenário nesta quinta-feira.

- Defendo aprovar o voto aberto e colocar em votação a PEC, pois ela tem o apoiamento da maioria dos líderes partidos e inclusive do autor da proposição - disse Aldo.

- A decisão do presidente da Casa é uma grande vitória de nosso movimento - disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

A mesa diretora chegou a cogitar o adiamento da votação para garantir o prazo regimental para recurso, mas, como Mentor abriu mão da prerrogativa, Aldo Rebelo decidiu manter a votação para esta quarta.

A sessão começou com quórum baixíssimo. O vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), chegou a apresentar uma questão de ordem para adiar a votação, mas Aldo não aceitou o adiamento afirmando que havia 430 parlamentares com presença registrada na Câmara e que eles compareceriam ao plenário.

A galeria do plenário ficou lotada de simpatizantes de Mentor. Com o julgamento dele, restarão apenas Vadão Gomes (PP-SP) e José Janene (PP-PR) para serem julgados por envolvimento com o valerioduto.

Em sua defesa, Mentor voltou a dizer que os R$ 120 mil sacados numa conta do empresário Marcos Valério no Banco Rural destinavam-se a pagar por serviços de consultoria advocatícia prestados a Rogério Tolentino, sócio de Valério . Disse ainda que a mídia "deu guarida" a muitas invencionices".

O Conselho de Ética da Câmara aprovou o pedido de cassação de Mentor depois de rejeitar um primeiro relatório, do deputado Edmar Moreira (PFL-MG), que pedia o arquivamento do processo. Em seu parecer, o novo relator, Nelson Trad, disse que está convencido de que o petista deve ser cassado.

Mentor foi o nono parlamentar acusado de envolvimento no mensalão que escapou da cassação desde o início da atual crise política. Três deputados já perderam o mandato e outros quatro renunciaram. Faltam agora só os processos por quebra de decoro contra os deputados José Janene (PP-PR) e Vadão Gomes (PP-SP).

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