Depois de encontro com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, o vice-presidente José Thomaz Nonô (PFL-AL) disse nesta quinta que até quarta-feira Severino decide seu futuro, se renuncia ou não à presidência da Câmara e ao mandato. Segundo Nonô, Severino está tenso e vai analisar a situação com sua base em Pernambuco. Indagado se tinha dado algum conselho a Severino, já que é um maiores interessados no assunto, Nonô respondeu que "se conselho fosse bem, era vendido". Se Severino renunciar à presidência, será realizada uma nova eleição em cinco sessões. Caso ele peça licenciamento do cargo, Nonô assume enquanto durar o afastamento. O governo não quer saber da hipótese de ter um pefelista na presidência da Câmara.
Nonô considera absolutamente normal e legítimo que os deputados do PT recorram ao Supremo Tribunal Federal (STF) e não acha que tenha havido interferência do STF nos assuntos do Congresso por conta da liminar, concedida pelo ministro Nelson Jobim, impedindo que os processos de cassação contra seis petistas sejam abertos no Conselho de Ética antes de eles serem ouvidos.
- Não me junto aos que acham que há uma intervenção do Supremo. Acho absolutamente normal que os deputados recorram à proteção do Supremo, já que estão com seus mandatos correndo risco - afirmou.
Na quarta-feira, os deputados Yeda Crusius (PSDB-RS), Rafael Guerra (PSDB-MG), Julio Semeghini (PSDB-SP) e Fernando Gabeira (PV-RJ) começaram a colher assinaturas de parlamentares pelo afastamento temporário de Severino, pouco depois da apresentação de um cheque - descontado por uma funcionária do gabinete do deputado - que teria sido usado para pagar parte da propina exigida do empresário Sebastião Augusto Buani, dono do restaurante Fiorella. PFL, PT, PMDB e PSB também passaram a defender o afastamento imediato ou a renúncia do presidente da Câmara.
Na terça-feira, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana disse que o partido não assinara a representação contra Severino protocolada por cinco partidos alegando que faltavam provas contra Severino. No dia seguinte, ele reconheceu que a situação se complicou.
O líder da minoria na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), afirmou que, antes mesmo da apresentação do cheque, já havia indícios para pedir a cassação do presidente da Câmara. Ele citou o documento assinado por Severino que concedia prorrogação do contrato de Buani com a Câmara.
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