O que você faria se fosse convocado a trabalhar em um domingo? Muita gente se sente extremamente irritada e faz qualquer coisa para escapar da obrigação. Outros sentem tanta satisfação que cumprem a tarefa de livre e espontânea vontade. É com este conflito que os juízes eleitorais se deparam em todo ano de eleição, quando precisam selecionar mesários e presidentes de mesa. Neste ano, 118 mil pessoas já foram convocadas, no Paraná, para trabalhar no dia 1.º de outubro.

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Na 177.ª zona eleitoral, na região nordeste de Curitiba, por exemplo, os eleitores pertencem às classes sociais A e B. Nesse local, o índice de resistência à convocação para trabalhar nas eleições é grande. "Geralmente os jovens são a maioria dos convocados e grande parte dos eleitores destas regiões estuda ou está fazendo cursos no exterior. Este é um dos principais motivos das justificativas para não trabalhar no dia das eleições", conta Jaqueline Beatriz Moura, chefe de cartório eleitoral.

Outros motivos comuns apresentados para fugir da convocação do TRE é não ter com quem deixar os filhos pequenos. "Cada caso é analisado pelo juiz eleitoral. Nem todas as justificativas são aceitas. Se a pessoa realmente estiver impossibilitada, deve apresentar o motivo por escrito, com uma prova desta impossibilidade", explica Jaqueline.

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Já na zona 145, região norte da cidade, onde estão eleitores das classes C e D, as justificativas são as mais variadas possíveis. Uma eleitora convocada disse que vai se casar no dia 3 de outubro e, por isso, não poderia participar do processo eleitoral. Ela se esqueceu, porém, de que neste ano o primeiro turno das eleições está marcado para 1.º de outubro.

Outro eleitor disse que precisa vender frango assado o domingo inteiro para poder se manter durante a semana. "A maioria dos trabalhadores autônomos apresenta justificativa, mas o critério de dispensa depende de cada situação", explica Hamílton Plahinsce, funcionário da 145.ª zona eleitoral.

O próprio Hamílton teve sua rotina alterada por causa das eleições. Ele é funcionário do Instituto de Planejamento e Pesquisa Urbana de Curitiba (Ippuc) e foi requisitado pela Justiça Eleitoral para trabalhar no cartório da 145. Ele está lá desde abril e não volta ao seu emprego até novembro. "Recebi este convite e achei interessante porque fujo da rotina e das tarefas do dia-a-dia", diz ele.

Os chefes de cartório esclarecem que a escolha das pessoas convocadas obedece a alguns requisitos básicos, como formação escolar e grau de idoneidade. "O trabalho dos mesários deveria ser visto como um ato digno, pois possibilita o voto legítimo e garante o direito do eleitor", diz Jaqueline.