A decisão do senador Osmar Dias (PDT) de desistir da aliança com o PSDB e se aproximar do PT na disputa para governo estadual em 2010 promete complicar a costura que vinha sendo feita entre o Partido dos Trabalhadores e o PMDB. A presidente do PT no Paraná, Gleisi Hoffmann, diz que a aproximação com o pedetista é importante para a coalização da base aliada, mas que o partido vai insistir também com a parceria que vem sendo organizada com o PMDB. "Vamos buscar formar uma aliança com o senador Osmar Dias. Abre-se um importante canal de diálogo, mas também não abrimos mão do apoio do PMDB. A intenção não é definir nomes por enquanto", afirma.
A pedra no caminho do acordo do PT com o PDT é que o PMDB tem como pré-candidato o vice-governador, Orlando Pessuti, que, apesar de ter um nome menos cotado do que o de Osmar, reforçou ontem a intenção de ir para a briga. "Vamos para as eleições com ou sem o apoio do PT. A ideia é repetir a coligação nacional entre PT e PMDB aqui no Paraná, mas se isso não for possível, o PMDB já tem candidato ao governo estadual."
Com a aproximação entre PSDB e PDT, o PMDB e o PT vinham acelerando conversas em torno de uma coligação. Há 30 dias foi criado um grupo de discussões com cinco representantes de cada legenda. O próprio governador Roberto Requião já se comprometeu com o presidente Lula a colocar o partido a serviço da pré-candidata petista à Presidência Dilma Rousseff.
Por outro lado, Osmar Dias conta com a simpatia do presidente Lula, que promete transformar em slogan de campanha do senador a declaração "ele é o cara" feita pelo presidente norte-americano Barack Obama ao presidente brasileiro. "O apoio do presidente é sempre decisivo", diz Osmar, que ressaltou mais uma vez que vai continuar a percorrer o estado para elaborar seu plano de campanha. "Vou apresentar minha proposta. Os partidos que quiserem me apoiar serão muito bem-vindos", afirma.
A decisão de Osmar Dias de desistir da aliança com o PSDB, confirmada em entrevista ao colunista Celso Nascimento na edição de domingo da Gazeta do Povo, veio a partir do lançamento pelo PSDB da pré-candidatura do prefeito de Curitiba, Beto Richa, ao governo. O outro nome já anunciado é o do irmão de Osmar, o senador Alvaro Dias. "Não fui eu que rompi com o PSDB foi o PSDB que rompeu comigo ao lançar dois nomes pré-candidatos e não me incluir na lista", afirmou ontem Osmar ao reforçar a decisão.
O presidente do PSDB no Paraná, Valdir Rossoni, tentou minimizar o rompimento. "Não houve ruptura. O que houve foi a colocação de mais um nome para a candidatura ao governo. Vamos manter o diálogo aberto". De acordo com ele, não há nada definido ainda e o PT só está usando as mesmas ferramentas que o PSDB ao buscar mais aliados. Ontem, o senador Alvaro Dias também tentou evitar falar do assunto. "Ainda não conversei com ele (Osmar). Vamos nos encontrar nesta semana. Mas eu só saio candidato se estiver em primeiro lugar nas pesquisas", afirma.
O deputado federal Abelardo Lupion (DEM) que faz parte da aliança formada em 2006 com o PDT e o PSDB no estado assumiu discurso conciliador. "É natural o Osmar estar chateado. Eu também estaria. O PSDB errou." Ele diz que espera uma retomada nas conversas.