Mesmo contra a vontade dos servidores públicos estaduais, o governo está disposto a aprovar o projeto que permite ao estado indicar para as diretorias jurídica e administrativa da Paranaprevidência profissionais que não fazem parte do quadro do funconalismo. O descontentamento de representantes de sindicatos de servidores ficou claro ontem, durante discussão do tema em audiência pública promovida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembléia Legislativa.

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Os servidores questionam a legalidade do projeto e a preocupação em ter alguém de fora dos quadros do Estado administrando os recursos usados para pagamento de aposentados e pensionistas. A Paranaprevidência administra R$ 4,7 bilhões e é responsável pelas aposentadorias e pensões de 90,8 mil servidores.

A principal discordância é sobre a mudança na forma de indicação do diretor jurídico. Segundo Marco Antônio Noronha, representante do Fórum Intersindical de Servidores do Estado, a diretoria jurídica tem grande importância no processo decisório de uma instituição. "A presença de um funcionário público à frente da diretoria jurídica representa a independência, a estabilidade e o equilíbrio de poder, uma vez que, se de um lado temos, na presidência, um representante do Executivo, do outro temos que ter um representante dos funcionários", afirmou.

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Qualquer procedimento do presidente da Paranaprevidência, como assinatura de contratos, compra, venda e parcerias, precisam do parecer do diretor jurídico. E, segundo Noronha, só teria autonomia para dar um parecer técnico um servidor público.

A justificativa do autor do projeto, o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), e da direção da Paranaprevidência é de que há dificuldade de conseguir pessoal qualificado nos quadros do estado para ocupar a diretoria jurídica. Os servidores discordam. O representante da Associação dos Advogados do Paraná, Mauro Borges, disse que a associação da categoria conta com mais de 500 advogados, todos capacitados.

O presidente do Paranaprevidência, José Maria Correia, assegurou que a mudança é uma forma de modernizar a gestão do fundo e não representa nenhum risco para os servidores. "O projeto preserva a paridade e não vemos nenhum problema."

O projeto volta a ser discutido hoje na reunião da CCJ. O parecer do novo relator designado para a matéria, Caíto Quintana (PMDB), é pela legalidade.