O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse nesta quinta-feira (17) que a eleição do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para a presidência da Câmara atende ao princípio da proporcionalidade. "Na Câmara, pelo princípio da proporcionalidade, cabe agora (a presidência) ao PMDB. No Senado (o PMDB) tem a maior bancada e regimentalmente a maior bancada tem a presidência", disse. "Há um rodízio entre PT e PMDB. Desta vez, é a vez do PMDB", completou o vice-presidente.
Temer participa nesta noite de um jantar em apoio à candidatura de Alves em um restaurante do bairro dos Jardins, na capital paulistana. Mais cedo, ele acompanhou Alves em uma reunião de aproximadamente uma hora ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no Palácio dos Bandeirantes. Cinco secretários estaduais e seis deputados do PMDB e do PSDB participaram.
Nesta tarde, Alckmin disse que o apoio ao deputado do Rio Grande do Norte respeita a bandeira do PSDB de defender a proporcionalidade na composição da Mesa da Câmara dos Deputados. Por essa razão, o PSDB apoia uma candidatura do PMDB. "Quem vai ser o candidato, não sou que escolho. Nós defendemos sim a proporcionalidade", justificou o governador.
São esperados cerca de 50 políticos no jantar desta noite, sendo que a maior parte compõe a bancada paulista na Câmara. Os deputados Paulo Maluf (PP), Edinho Araújo (PMDB) e Vicentinho (PT) participam. Questionado se as denúncias contra Alves não eram constrangedoras, Maluf respondeu: "Não constrange partido nenhum porque você vê que tem muito padre acusado de pedofilia e nem por isso eu deixo de ser católico". Em seguida, o deputado afirmou ter certeza de que as denúncias são algo que "aparece em toda véspera de eleição". "Creio plenamente na inocência do Henrique Eduardo Alves", disse Maluf.
Ao chegar para o jantar, Alves voltou a negar seu envolvimento em denúncias, dizendo que são apenas "questionamentos".
Nesta semana, o jornal Folha de S. Paulo revelou que o ex-assessor de Alves Aluizio Dutra de Almeida é sócio da Bonacci Engenharia, empresa que recebeu dinheiro público de emendas parlamentares do próprio Alves e de projetos do governo federal. Após a denúncia, o assessor deixou o cargo. Alves nega que tenha favorecido o assessor ou a empresa dele, mas disse que não tem responsabilidade de fiscalizar como são feitas as licitações e convênios para a destinação dos recursos públicos.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), defendeu o apoio de seu partido ao indicado do PMDB. Para ele, os tucanos não se sentem constrangidos de apoiar um candidato alvo de denúncias porque a sigla defende a tese da proporcionalidade. "A explicação (de Alves) não é ao PSDB, é à sociedade brasileira", disse. Ainda segundo Araújo, o PMDB será "cobrado" pela sociedade ao final de dois anos de mandato pela qualidade de seu trabalho.
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