Em meio a estudantes de escolas públicas, Michelle Obama ganhou a plateia com um "bom dia", a única expressão que aprendera em português, lamentou. Logo depois chamou a atenção da filha mais velha, impressionada com o exemplo de uma das jovens líderes brasileiras, que aprendera a falar a palavra borboleta em 20 línguas diferentes: "Então, Malia, pelo menos em 20 línguas!"
Raquel Helen Silva, de 20 anos, que discursou antes da primeira dama dos Estados Unidos, contou que havia ficado órfã muito cedo sempre estudara em escola pública e mudara a vida depois de participar de um programa de intercâmbio promovido pela embaixada norte-americana, de jovens embaixadores. "Comecei aprendendo a falar borboleta em uma língua, hoje falo em 20", contou Raquel. "A educação é uma arma importante", disse.
"Há um mito de quem cursa escola pública não tem acesso a nada: há professores e alunos interessados". Michelle usou o próprio exemplo, contou que não nascera em uma família rica, morou em apartamentos pequenos e dividia o quarto com o irmão. Disse que o marido também enfrentara dificuldades, inclusive nos estudos.
"Agora ele é esperto", comentou, provocando risos. "É preciso sonhar grande e realmente trabalhar duro e assumir riscos", conclamou, estimulando os jovens convidados para o encontro a serem "cidadãos do mundo". "Acredito que o futuro dos nossos países depende das relações entre as pessoas e os jovens".
Ary Barroso
Com sorriso quase permanente, Michelle Obama bateu palmas acompanhando o ritmo da composição de Ary Barroso "Isto aqui, ô ô, é um pouquinho de Brasil iá iá, deste Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz", na apresentação de capoeira que se seguiu aos discursos, provocando a caçula Sasha e a filha mais velha, Malia.
Aparentemente mais tímida, ela batia palmas quase sem mexer as mãos. Sentada, com o mesmo vestido que usara na recepção pela presidente Dilma Rousseff um pouco antes, no Palácio do Planalto a primeira-dama acompanhou com parte do corpo o ritmo da apresentação de um grupo de percussão formado só por mulheres. "Iuhuuuuu", "maravilhoso", exclamou, antes de cumprimentar cada um com um aperto de mãos e olhos nos olhos.
O evento da agenda paralela de Michelle em um restaurante em Brasília não durou mais do que 35 minutos. Ela estava acompanhada pela mãe, Marian Robinson, e pela madrinha, Eleonor Kay Wilson. Lembrou ter prometido que viria ao Brasil a um grupo de jovens embaixadores brasileiros que visitou a Casa Branca no ano passado. Tentou reconhecer os meninos. Entre eles, Ícaro Nepomuceno, de 19 anos, morador da periferia de Manaus, já contava antes da chegada da primeira-dama: "Ela é muito gentil, educada, cativa pelo sorriso".
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