A diretora financeira da agência de Marcos Valério SMP&B, Simone Vasconcelos, disse em depoimento na CPI dos Correios nesta quarta-feira que nenhum documento de identificação era fornecido pelas pessoas a quem entregava recursos repassados dos empréstimos que a agência de publicidade teria feito para pagar a parlamentares do PT e de partidos da base aliada. Simone é a maior sacadora das contas de Marcos Valério, tendo retirdado R$ 6,5 milhões.
A funcionária explicou que no ano de 2003, em que foram registrados mais de R$ 5 milhões em saques em seu nome no Banco Rural, em Brasília, esteve por mais de 20 vezes na agência da capital federal.
- Não obtinha nenhum documento de quem recebia. Nunca foi exigido documento destas pessoas - disse.
Segundo a funcionária, o repasse era feito de três formas. Na primeira, a agência em Belo Horizonte autorizava por e-mail que ela sacasse em Brasília uma quantia a ser entregue à pessoa identificada por Marcos Valério por telefone. Outra forma de repassar os valores sacados era deixando cheques em nome de pessoas ou ainda, uma terceira forma, feita a partir de uma autorização de saque da gerente financeira, segundo ela "um bilhete deixado com funcionários do Banco Rural "em Brasília em nome de parlamentares".
- Nunca contei o dinheiro a ser entregue. Entregava e sempre me retirava rapidamente - explicou.
A diretora confirmou os empréstimos paro PT mas não soube responder como era feita a operação contábil na empresa para dar baixa nesses empréstimos. A diretora financeira disse também que só recebia orientação do patrão, Marcos Valério, e de mais ninguém, sobre esses empréstimos destinados ao PT.
Ela afirmou conhecer o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e confirmou que ele era a ponte com o partido. Sobre outros então dirigentes do PT (Silvio Pereira, secretário-geral; e José Genoino, presidente), Simone disse não conhecê-los e não tê-los encontrado. O mesmo ela afirmou em relação ao deputado José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil.
Ainda sobre a operação contábil, o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), lembrou que as grandes quantias tiradas pela empresa dos bancos e que entravam no caixa da SMP&B tinham que ter uma saída.
- Entrou como empréstimo bancário e saiu como empréstimo ao PT - tentou explicar Simone.
Serraglio, porém, quis saber como isso era feito.
- Com os cheques - respondeu Simone.
Mas o relator rebateu afirmando que a maior parte do dinheiro era sacada em espécie, no banco. E que, portanto, de alguma outra forma deveria aparecer como saída na contabilidade da SMP&B.
- Não sei dizer contabilmente como era isso. Esse controle é feito num escritório de contabilidade, não é minha função - disse a diretora financeira da empresa de Valério.
Serraglio quis saber então se o PT tinha dado algum recibo para servir como comprovação contábil do empréstimo ao partido.
Não do meu conhecimento. Se houve, foi direto do Marcos Valério com o contador - respondeu Simone.
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