Famosos
Músico e ator brigam pela internet devido a críticas a petistas
O músico Roger Moreira, da banda Ultraje a Rigor, no último dia 10, interrompeu um show em São Paulo para reclamar que havia sido atacado por militantes petistas pelo microblog Twitter. "Hoje fui atacado no Twitter pela militância virtual do PT gente paga para militar", disse o músico. O ator José de Abreu foi uma das pessoas que comentaram o comportamento do músico, bastante ativo no Twitter, criticando Roger por "meter pau no governo". O músico pediu que pessoas compartilhassem o vídeo do discurso. A discussão entre os dois artistas e seus seguidores continuou também nas redes sociais. "Hilários os ratos saindo dos esgotos para defender seu líder, o ratão Roger", escreveu José de Abreu, durante a semana.
TV Revolta
Página em rede social diz ser isenta, mas em geral só critica o governo
Página no Facebook com quase 3 milhões de seguidores, a "TV Revolta" diz ter a missão de "expor fatos e acontecimentos de interesse público através de conteúdo visual e audiovisual". A página se diz isenta. Mas o conteúdo é, em geral, montagem de fotos e frases com críticas ao governo federal. Além da política, a página também reproduz imagens relativas a um "retorno" da ética e a valores familiares, defesa dos animais e frases motivacionais. Entre as mensagens divulgadas pela página estão: "Brasil, o país mais corrupto do mundo", "Brasil, entre outras mil a mais roubada", "Político é servidor público" e "Político tem que se tratar no SUS". A "TV Revolta" também tem site e contas em outras redes sociais.
A internet ovacionada pelas possibilidades de acesso à informação tem se mostrado uma face inimiga do debate político. Discussões on-line entre lados opostos no espectro ideológico têm tido pouca conversa e muito ataque tendência que deve se acirrar na campanha eleitoral em função da militância virtual em defesa de candidatos.
"O uso da internet para campanha eleitoral é algo que deve ganhar ainda mais força neste ano", diz Thiago Tavares, professor de direito da informática e diretor da ONG SaferNet. Segundo ele, já há "verdadeiros exércitos" de candidatos para fazer guerrilha eletrônica nas redes sociais. "Não é um privilégio de um grupo político. Todos adotaram essa sistemática."
Os grupos buscam influenciar internautas jovens e indecisos. A característica comum dessas militâncias é usar um discurso radical e agressivo o que afasta o cidadão interessado do debate político. "O cidadão nem encontra espaço [para dialogar], pois há um patrulhamento ideológico e isso enfraquece o debate", aponta Tavares.
A tática de guerrilha eletrônica, porém, não é admitida publicamente pelos partidos. Mas as siglas dos três principais pré-candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) reconhecem que treinam filiados e simpatizantes para atuar na internet. "Nós damos bagagem a eles para responder às falsas acusações. Antes o militante estava nas ruas; agora está na internet", diz Alberto Cantalice, responsável pelas redes sociais do PT.
Feitiço
Embora a guerrilha on-line na maioria das vezes seja anônima, a descoberta da relação dela com um candidato pode ser péssima para sua reputação. "Se a manipulação de informações e imagens é descoberta, o feitiço vira contra o feiticeiro", diz André Telles, especialista em marketing digital.
Esse tipo de estratégia deve gerar também uma corrida aos tribunais. "Haverá uma tentativa de manter a honra, de limpar a imagem daquele que for atacado. E a legislação ainda é anacrônica nesse sentido", reclama Thiago Tavares, da SaferNet. O que deve prevalecer nesse sentido é o Marco Civil da Internet, legislação que mostra que o conteúdo deve ser removido com ordem judicial. "O Judiciário vai ter de equilibrar o direito à informação e direito individual, de personalidade, à honra e imagem de uma pessoa", comenta a professora de direito digital da PUCPR, Sheila Leal.
Para o cidadão que vê essa batalha, o essencial é buscar informação antes de repetir ou compartilhar algo sobre candidatos, embora a tentação de reproduzir o material seja grande. "Se a origem da mensagem não for de um meio confiável ou que você tenha certeza de que existe e tem boa reputação, é melhor desconfiar", resume Telles.