O Comando da Aeronáutica divulgou nota informando que foram encontradas nesta segunda-feira as duas caixas-pretas do Boeing 737 da Gol, que caiu na última sexta-feira. Agora, os equipamentos de gravação de voz (voice recorder) e de dados (digital flight data recorder) serão encaminhados à comissão de investigação do acidente para serem analisados.
Mais cedo, as autoridades haviam informado a localização de uma mancha cor de abóbora, indicando o local onde estaria a cauda da aeronave, que traz a logomarca da empresa aérea, que é dessa cor.
Segundo a Aeronáutica, o trabalho desta segunda privilegiou o resgate das vítimas na área dos destroços da aeronave. Vários corpos foram encontrados e serão encaminhados nesta terça à base de apoio na Serra do Cachimbo, para que os peritos legistas possam dar prosseguimento aos trabalhos de preparação para identificação. Os primeiros corpos encontrados são de um homem e uma mulher. Segundo os militares, a mulher tem pele morena, é jovem e de baixa estatura. Não há sobreviventes. As buscas pelos corpos das outras 153 pessoas que viajavam no vôo 907 foram retomadas na manhã desta segunda-feira. Continuam atuando na operação de busca e resgate 75 militares da Aeronáutica e do Exército, além de várias aeronaves.
Fontes citadas em reportagem de O Globo levantam a hipótese de ter havido uma falha do controle de tráfego aéreo. Uma falha de comunicação entre as torres de controle de Manaus e Brasília pode ter sido responsável pelo choque as duas aeronaves. Segundo a fonte, o jato Legacy da Embraer voava a 37 mil pés de altitude (dez mil metros), com autorização da torre de Brasília. Por solicitação do piloto do Boeing, a torre de Manaus teria autorizado que a aeronave da Gol subisse de 35 mil para 39 mil pés. Como as duas torres não teriam se comunicado sobre esta decisão, teria havido a colisão.
- Ainda que você tenha todos os dados da aeronave americana, você não tem ainda as caixas pretas da Gol. As informações precisam ser cruzadas para, a partir disso, você ter uma conclusão (...) O que dá para afirmar é que houve a colisão - disse, em entrevista à imprensa em Brasília.
Ela também minimizou a possibilidade de falha no controle do espaço aéreo:
- O Brasil conquistou uma posição internacional de absoluta segurança de vôo. É a segunda maior aviação do mundo, com pouquíssimos acidentes. Não há que se colocar em dúvida, por ora, que tenha havido alguma falha no controle do espaço aéreo. É de quase zero esta possibilidade - disse.
Segundo a diretora da Anac, uma comissão do órgão regulador do mercado de aviação dos Estados Unidos (National Transportation Safety Board, ou NTSB), chegará ao Brasil na próxima terça-feira para acompanhar as investigações da causa do acidente.
Denise Abreu disse ainda que o conteúdo das caixas pretas da aeronave americana, o Legacy, estão em perfeito estado.
- Foi feito o recolhimento de dados com absoluto sucesso. O que significa que as caixas pretas de voz e de dados conseguiram apresentar os elementos necessários para uma primeira convicção da comissão - disse, referindo-se ao grupo técnico formado por representantes da Aeronática e da Anac.Milton Zuanazzi, presidente da Anac
Mais cedo, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse que o sistema anticolisão do Legacy estava operacional. Segundo ele, o aparelho foi testado antes de o jato decolar - ele saiu da fábrica em São José dos Campos na própria sexta-feira - e também em sua chegada na Base Aérea de Cachimbo, no Mato Grosso, onde a aeronave fez o pouso forçado após avarias decorrentes de um provável choque com o avião da Gol.
A Força Aérea Brasileira divulgou foto do Legacy, na qual se vê uma parte da asa esquerda quebrada.
No entanto, Zuannazzi não soube dizer se o mesmo equipamento estava funcionando no Boeing da Gol.
Parentes das vítimas, enquanto isso, estão exigindo uma audiência com Ministro da Defesa. Eles dizem não estar recebendo informações suficientes sobre o acidente e pedem que o exército também participe das buscas.
Americanos no comando do Legacy
O jato Legacy 600, de bandeira americana, estava sob o comando de dois pilotos dos EUA, que foram neste domingo para São José dos Campos onde vão prestar novos esclarecimentos e ajudar as investigações da Embraer, fabricante da aeronave. Avião executivo Legacy, fabricado pela Embraer/EFE
Além deles, estavam no Legacy dois executivos da empresa que comprou o avião, um jornalista americano - que estava fazendo uma reportagem sobre a Embraer - e dois funcionários da fabricante brasileira. O grupo prestou depoimento à Polícia Civil do Mato Grosso durante a madrugada, em Cuiabá.
Segundo Milton Zuannazzi, o grupo afirmou ter visto, instantes antes do acidente, apenas uma sombra, seguida de um barulho. Imediatamente depois, o Legacy, segundo os passageiros e tripulantes, teve que pousar. O presidente da Anac afirmou ainda que os depoimentos reforçam a tese de que houve mesmo uma colisão entre o Legacy e o Boeing.
- Eles (os tripulantes e passageiros do Legacy) dizem que não viram nada. Mas isso é absolutamente normal. Pois, imagine dois aviões a 800 km/h. Eles se encontram a 1.600 km/h. Nestas condições, você só vê mesmo uma sombra e um barulho. Não vê mais nada mesmo - afirmou Zuannazzi.
Zuannazzi disse que a abertura das caixas-pretas deve mostrar, por exemplo, a posição em que os aviões estavam, o contato com a torre e as autorizações dadas aos comandantes pela supervisão do espaço aéreo.
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