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| Foto: Antonio Cruz/ABr

A deputada federal Cida Diogo (PT-RJ) contratou como funcionária de seu gabinete Maria Margarida Parente Galamba de Oliveira, mulher do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Foi no dia 1º de abril deste ano. Vinte dias antes, em 11 de março, Minc havia contratado para seu ministério Flávia Martins Marques, que trabalhava no gabinete de Cida. Margarida, conhecida como Guida, ocupou o lugar de Flávia, numa espécie de nepotismo cruzado. Minc e Cida são parceiros na política do Rio e fizeram dobradinha nas eleições de 2006.

Segundo Cida Diogo, a mulher do ministro não trabalha a semana toda. A jornada de Guida vai de terça a quinta-feira, no máximo. Procurada pelo jornal O Globo para esclarecer a contratação, Cida disse que empregou a mulher de Minc para se inserir na área ambiental. Guida ajudaria na elaboração de projetos de lei e participando de reuniões com a Frente Parlamentar Ambientalista. Guida foi contratada como secretária parlamentar, nível 28, com salário de R$ 4.020 (sem gratificações). Caso tenha direito a gratificação, o valor pode subir para R$ 8.040, excluídas as horas extras.

Em maio de 2007, Cida se envolveu em um episódio marcante na Câmara, quando o deputado Clodovil Hernandes, morto em março de 2009 vítima de Acidente Vascular Cerebral, disse que ela era feia e que não serviria nem para prostituta.Servidora ainda presta serviços para Cida.

A funcionária que foi exonerada do gabinete da deputada e recontratada pela pasta de Minc continua prestando serviços para Cida Diogo. Oficialmente, Flávia Martins está lotada no ministério como gerente de projetos na Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano. Mas, com frequência, aparece na Câmara e ajuda nos serviços internos do gabinete de Cida Diogo, além de cuidar de assuntos do ministério.

Na secretaria, os servidores não a conhecem.

Nesses quatro meses no ministério, Flávia ocupou dois cargos. Na primeira portaria, assinada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), ela foi nomeada assessora especial de Minc, com um salário de R$ 8.663, referente ao cargo de Direção e Assessoramento Superior (DAS) 5, um dos mais altos. Em 22 de junho, foi exonerada desse posto e nomeada, no mesmo dia, para o de gerente de projeto, com salário de R$ 5.967 (DAS 4). Na Câmara, ela ocupava o cargo de secretária parlamentar nível 26. O salário, sem gratificação, é de R$ 3 mil. Com gratificação, pode chegar a R$ 6 mil.

O chefe de gabinete de Minc, Ivo Bucaresky, alegou nesta segunda que Flávia estaria trabalhando como assessora dele. Todos são petistas do Rio, da corrente Campo Democrático. Flávia, segundo Bucaresky, é uma petista histórica, conhecida no partido e muito competente. O chefe de gabinete diz que foi buscá-la no gabinete de Cida para ajudar no ministério, inclusive no contato com parlamentares. Como não havia cargo sobrando em sua área, a funcionária foi lotada em outros setores da pasta. "Estava sozinho e precisava de alguém para me ajudar. Fui roubar a Flávia da Cida", disse Bucaresky.

O chefe de gabinete confirmou que Flávia despacha no gabinete da antiga chefe, na Câmara, mas por uma questão de logística. "O nosso escritório (do ministério) na Câmara vive lotado, e ela usa a sala da Cida como base de apoio. Como ela conhece todo mundo lá", disse Bucaresky.

Assessor diz que indicou a mulher de Minc a Cida

Dois funcionários do gabinete da deputada afirmaram que Flávia trabalha lá e que, entre suas atribuições, está a de acompanhar projetos de Cida na Esplanada dos Ministérios. A deputada confirma que Flávia comparece a seu gabinete com frequência, e que ajuda nos serviços. "A gente tem uma relação política e pessoal, e ela está sempre no gabinete. Flávia me ajuda muito, até porque ficou dois anos acompanhando todo o trabalho. Agora, ela está no Ministério do Meio Ambiente, e presta serviço lá", disse Cida Diogo.

Bucaresky alega que foi ele mesmo quem sugeriu a ida da mulher de Minc para o gabinete da deputada, a fim de substituir a servidora. Ele disse que a deputada queria uma assessora na área ambiental, especialidade de Margarida. "Houve uma reclamação da Cida (com a saída da Flávia). Disse a ela que, se quisesse, poderia aproveitar a Guida (Margarida). Ela está sem o que fazer, acompanhando o ministro. Aparentemente, deu certo", disse Bucaresky.

Minc diz não ver ilegalidade em contratação

Contratada pela deputada Cida Diogo (PT-RJ), Maria Margarida Galamba de Oliveira, a Guida, mulher do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, deveria seguir o regime de trabalho de 40 horas semanais. Mas ela aparece no gabinete da parlamentar em, no máximo, três dias da semana, como relatou a própria Cida Diogo. Um secretário parlamentar não é obrigado a marcar o ponto diariamente, caso de Guida. Assim, não há como se certificar do cumprimento da jornada.

No dia 5 de cada mês, o deputado encaminha a lista de frequência de seus funcionários ao Departamento Pessoal. O parlamentar tem autonomia para preencher a ficha. Cida Diogo não informou se Guida, além de trabalhar às terças e quartas na Câmara, e eventualmente às quintas, faz algum trabalho externo. Um secretário parlamentar ainda recebe hora extra nas sessões da Câmara que passam das 19h, geralmente terças e quartas. Mas, para ter direito a esse adicional, é obrigado a bater o ponto ao fim da sessão.

Minc voltou a se recusar nesta terça a dar entrevista sobre a contratação de sua mulher no gabinete de Cida em troca da nomeação de Flávia Martins Marques, ex-servidora da deputada, em seu ministério. Em nota, Minc disse, lacônico, que não tem qualquer grau de parentesco com Flávia. Por isso, para o ministro, não há qualquer ilegalidade ou imoralidade no processo e "não há qualquer reparação a ser feita". Cida Diogo evitou comentar o assunto.

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