Ainda na terça-feira:
Os possíveis indicados para o Ministério da Agricultura ficaram à beira de um ataque de nervos nesta quarta-feira depois que a bancada ruralista tentou vetar a indicação do deputado paranaense Reinhold Stephanes, o mais cotado até então. A pasta, que já teve um indicado que deixou de ser antes mesmo de ter sido, caso do deputado Odílio Balbinotti, poderia ter outro nome refugado depois de quase ter figurado em uma placa sobre a mesa ministerial.
Dos quatro deputados principais concorrentes, apenas Moacir Micheletto, eleito pelo Paraná fazia questão de se colocar praticamente fora da disputa. "Tenho 1% de chances, o indicado deve mesmo ser o Stephanes", afirmou à tarde. Mas o próprio Micheletto era dado como o favorito depois da reação da bancada ruralista e quem garantia isso era um outro deputado ministeriável, Waldemir Moka(MS). Moka era tido pelos colegas como quase fora do páreo pelas objeções que teria dentro do Mato Grosso do Sul. Corria por fora o nome do catarinense Valdir Colatto (SC), que se apegava em um argumento: "Havia ficado acertado que essa seria uma escolha da bancada do PMDB, mas está sendo uma escolha do governador Requião".
A proximidade com o governador Roberto Requião era um dos alvos da bancada ruralista no movimento de reação ao nome de Reinhold Stephanes. O governador é um combatente contra a transgenia na agricultura paranaense e tentaria impor esta política também no ministério caso Stephanes assumisse.
Stephanes nega. "São apenas argumentos sem fundamentação. O Requião, por exemplo, apoiou o Aldo Rebelo e eu apoiei o Chinaglia (nas eleições para o presidente da Câmara). Ele apoiou o (Nelson) Jobim e eu apoiei o Michel Temer (para a presidência do PMDB)", afirmou para mostrar independência, mas preferiu não tecer comentários sobre a transgenia. "Tenho que falar com muita gente ainda a respeito, caso seja indicado ao ministério, seria leviandade falar algo sem o conhecimento de como estão as coisas no Ministério e sem nenhuma confirmação", disse.
O argumento não era aceito pelo deputado Valdir Colato (SC). Ele é indicado do Requião, se o Requião é contra a transgenia, ele também é". Micheletto também batia nesta tecla: "Eu sou favorável à transgenia. Se a pessoa vai ser ministro, tem que dizer, tem que ter opinião".
Outro argumento usado pelos ministeriáveis contra o nome de Stephanes era de que ele é uma pessoa de fora da área agrícola. O governador do Mato Grosso, Blairo Maggi, já havia declarado isso, o que teria dado mais munição à bancada ruralista para tentar barrar o nome do deputado paranaense.
"Faltaram a ele (Maggi) informações", defende-se o ex-secretário de Requião, que sofre com o "fogo amigo" dos colegas de bancada. "Ele nunca foi da agricultura. Eu sou o presidente da Frente (dos deputados ruralistas) e nunca o vi nas questões ligadas à agricultura. Ele é comptente na Previdência, como parlamentar, mas não é da área", afirmou Micheletto, fazendo questão de afirmar que é amigo de Stephanes. Colato bate na mesma tecla: "Deveria ser uma indicação mais técnica e menos política. É uma área que precisa ser gerenciada por alguém que conheça".
A apreensão crescia enquanto o sol baixava. Colatto confessava uma certa "angústia". Micheletto se dizia carta fora do baralho, com apenas 1% de chances de ser escolhido. Stephanes, por sua vez, afirmava que era uma pessoa "bem resolvida", profissional e pessoalmente e que receberia bem qualquer decisão. Moka não estava sendo encontrado nem por sua assessoria, o que dava ainda mais suspense à futura indicação.
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