O Ministério dos Transportes informou que o nome do diretor interino do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) não será anunciado nesta sexta-feira (15).
O Ministério não divulgou nenhuma previsão de quando o novo nome será anunciado.
Mais cedo, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, havia dito que o anúncio seria feito ainda nesta sexta. A afirmação foi feita em entrevista na entrada do Ministério dos Transportes, em Brasília, ao retornar de reunião com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto.
Segundo ele, durante a reunião foram discutidos nomes para a direção do Dnit.
Na manhã desta sexta, Passos determinou o afastamento temporário do diretor executivo do Dnit, José Henrique Sadok de Sá, após o jornal "Estado de S.Paulo" publicar que a construtora da mulher dele teria faturado R$ 18 milhões para fazer obras em rodovias federais entre 2006 e 2011, vinculadas a convênios com o órgão.
Mais cedo, o ministro disse que não estuda novas demissões no órgão. Mas afirmou que elas serão feitas se houver necessidade. "Não estou trabalhando por antecipação, imaginando demissões. Eventualmente, se houver necessidade de fazer algum ajustamento na equipe, seja no ministério ou no Denit, faremos."
O ministério dos Transportes instituiu uma comissão de processo administrativo disciplinar para apurar os fatos publicados pelo jornal. Além da diretoria executiva, Sadok acumulou o cargo de diretor-geral do Dnit porque o titular, Luiz Antonio Pagot, foi afastado do cargo, mas está oficialmente em férias.
Liberação de recursos para obras
Passos disse ainda que vai passar a fazer a liberação "gradual" de recursos, incluindo termos aditivos, de contratos para obras emergenciais. O repasse de verbas havia sido suspenso pelo ex-ministro Alfredo Nascimento após as primeiras denúncias de irregularidades no Dnit.
"Iremos fazer gradualmente a liberação, sobretudo naquelas situações, seja de licitações ou de termos aditivos, que tenham a ver com a segurança nas estradas. Ou mesmo de contratações que sejam indispensáveis e que não seja adequado ou razoável adiar", disse o ministro.
Ele citou como exemplo de contratos que devem ter recursos liberados aqueles voltados para manutenção das estradas. "Se tenho um contrato e dependo de um aditivo para assegurar que aquela estrada continue tendo uma boa cobertura em relação à sua manutenção, não há porque não liberar um aditivo."
Entenda a crise
O governo determinou uma série de mudanças no ministério há duas semanas,quando a revista "Veja" publicou reportagem revelando um suposto esquema de superfaturamento em obras envolvendo servidores da pasta. A crise se agravou após suspeitas de que o filho do então ministro dos Transportes tenha enriquecido ilicitamente em razão do cargo do pai.
A reportagem de "Veja" relatou que representantes do PR, partido ao qual pertence o ministro Alfredo Nascimento e a maior parte da cúpula do ministério, funcionários da pasta e de órgãos vinculados teriam montado um esquema de superfaturamento e recebimento de propina por meio de empreiteiras.
Dilma Rousseff determinou o afastamento da cúpula dos Transportes e, na semana seguinte, o ex-ministro Alfredo Nascimento pediu demissão do cargo. Ele foi substituído por Paulo Passos.
De acordo com o Ministério dos Transportes, Frederico Augusto de Oliveira Dias também foi afastado do Dnit por Paulo Sérgio Passos, após denúncia do jornal "Folha de S.Paulo" de que ele atuaria como assessor da diretoria-geral em reuniões com prefeitos e autoridades, apesar de nunca ter sido nomeado pelo governo.
Segundo o jornal, Frederico Augusto é definido como "boy" pelo diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, mas possui sala própria e e-mail oficial do órgão. Ainda de acordo com a reportagem, Frederico Augusto é filiado ao PR e foi indicado para o "cargo" pelo deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).
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