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Gonçalves: pagamentos do Senado foram para assessorar projetos de lei | Gilberto Abelha/Jornal de Londirna
Gonçalves: pagamentos do Senado foram para assessorar projetos de lei| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londirna

Informações sobre a atuação de Gleisi Hoffmann como consultora de empresas e sobre a destinação que ela deu a verbas de ressarcimento do Senado viraram notícia na mídia nacional ontem. O jornal O Estado de S. Paulo divulgou que, assim como Antonio Palocci, a nova ministra da Casa Civil também manteve uma empresa de consultoria – atualmente desativada. Já a Folha de S.Paulo publicou que Gleisi destinou em 2011 R$ 15 mil em recursos públicos do Senado, a título de consultoria jurídica, ao advogado que a representa em processos eleitorais.

Em 2007, Gleisi criou a GF Consultoria, em sociedade com a irmã Francis Mari Hoffmann. Com 90% da cota da empresa, Gleisi era a sócia-administradora. A GF era habilitada para prestar serviços de "assessoria, consultoria, orientação e assistência operacional para a gestão do negócio e apresentação de palestras prestados a empresas e a outras organizações".

A assessoria da ministra informou que as empresas Fusão Assessoria Empresarial e Combraseg Logística e Serviços foram atendidas pela GF. As duas empresas citadas não têm página na internet. Em guias on-line de busca de produtos e serviços aparecem números de telefones – mas ninguém atendeu às chamadas na tarde de ontem. Além de contratar Gleisi, a Fusão também fez doação de campanha para ela. Foram R$ 15 mil, em cheque, na eleição do ano passado.

O endereço da GF era também escritório político na campanha eleitoral de 2008, quando Gleisi foi candidata à prefeitura de Curitiba. As atividades da consultoria foram encerradas formalmente no início de 2010. Na Junta Comercial do Paraná consta ainda que Gleisi teve outra empresa, do ramo de indústria e comércio de confecções, além de importação e exportação, entre os anos de 1990 e 2003.

Assessoria jurídica

Já como senadora, com mandato desde fevereiro, Gleisi optou por contratar o advogado que a defende em processos eleitorais como consultor jurídico. O escritório de Guilherme Gonçalves foi o principal beneficiário da verba de custeio da senadora nos quatro meses de mandato. Foram R$ 15 mil, em dois pagamentos de R$ 7,5 mil cada, nos meses de março e abril.

Gonçalves foi assessor dela nas campanhas à prefeitura de Curitiba, em 2008, e ao Senado, em 2010. O escritório recebeu R$ 50 mil em pagamentos na disputa eleitoral do ano passado. Parte do dinheiro retornou à campanha. As doações de Gonçalves, como pessoa física e como pessoa jurídica, ao comitê financeiro de Gleisi em 2010 somaram R$ 35 mil. Além do trabalho durante a campanha eleitoral, ele ainda defende Gleisi em seis processos eleitorais.

Gonçalves afirma que não há relação alguma entre os trabalhos que desempenhou como advogado eleitoral e as consultorias que o escritório prestou à senadora – tampouco sobre os pagamentos. "Eu distingo entre uma coisa e outra. Os dois trabalhos foram prestados de forma independente", destaca o advogado. Apesar de trabalhar para diversos clientes na área eleitoral, ele reforça que atua em outros setores, com o direito público, e que seu sócio no escritório, o professor Emerson Gabardo, da UFPR, é especialista em direito administrativo.

Gonçalves estava em Brasília ontem, mas se dispôs a apresentar os pareceres jurídicos que o escritório elaborou a pedido de Gleisi. Foram cinco estudos formais sobre propostas que já viraram projetos de lei. Entre os que foram produzidos pela equipe do escritório estão o projeto que estabelece parâmetros para o pagamento de ajuda de custo no Senado; a proposta que veda leis autorizativas, como as indicações; e a proposição que regulamenta o teto de pagamento a agentes públicos.

Já mais voltados para o direito eleitoral, e executados pelo próprio Gonçalves, foram dois pareceres: sobre a regulamentação de plebiscito e referendo e sobre limites e normas para a reeleição. "Não aceito a ilação entre o meu trabalho eleitoral e a consultoria. É até desonroso. Mas acaba sendo a conseqüência da proximidade com alguém de projeção", diz ele.

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