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O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que se o Ministério da Fazenda não tivesse demorado tanto para tomar decisões e liberar recursos no momento certo para ajudar o agronegócio, a crise atual do setor não estaria acontecendo. Rodrigues lembrou que desde dezembro de 2004 - antes mesmo da seca que atingiu as lavouras de milho e soja no Sul do país - vinha pedindo à área econômica R$ 1 bilhão. Como resultado, alertou o ministro, a safra 2005/06 será prejudicada, provocando a queda de renda dos produtores rurais.

- O problema é a tempestividade. Houve demora na tomada de decisões pela área econômica - disse o ministro.

Segundo Rodrigues, a agricultura deixará de ganhar cerca de US$ 10 bilhões em 2005 devido a uma série de fatores: a seca no início do ano, a valorização do real, a queda do preço de alguns produtos e o aumento do custo. Esse cenário abrange, particularmente, as culturas de arroz, milho, trigo, algodão e soja.

- Estou há 40 anos na estrada e nunca vi uma crise tão grave - enfatizou.

Diante disso, Rodrigues acredita que, pela primeira vez em muitos anos, haverá redução da área plantada na próxima safra. Numa estimativa considerada conservadora, a previsão oficial é de queda de 1%. Quanto à produção, esta deverá ser maior do que a deste ano, quando foram colhidas 112 milhões de toneladas, contra uma projeção inicial de 132 milhões.

- Não dá para repetir o que aconteceu em 2005, por causa de tantos problemas. Esperamos 125 milhões ou 126 milhões de toneladas na próxima safra - afirmou.

Um dos pontos preocupantes diz respeito ao baixo preço do arroz, causado pelo excesso de oferta no país. Rodrigues explicou que o Ministério da Agricultura defende uma intervenção no mercado, para tirar o produto e forçar a alta do preço, não apenas para garantir a renda do setor agrícola, mas também para evitar dissabores futuros.

A queda de preço do arroz, reconheceu o ministro, à primeira vista é boa para o consumidor final. No entanto, argumentou, a médio e longo prazos o efeito será inverso.

- Se este ano o consumidor paga menos pelo produto, ano que vem o preço vai aumentar, mesmo porque o agricultor plantará menos um item que não lhe dá retorno financeiro - disse ele, contrapondo-se à argumentação da Fazenda.

Segundo Rodrigues, a principal lição aprendida pelo governo com a crise é que não é possível agricultura competitiva sem seguro rural. Para isso, foi enviado um projeto de lei ao Congresso Nacional criando, entre outras coisas, um fundo para cobrir prejuízos causados por catástrofes climáticas. Uma das conseqüências da crise - motivada, nesse caso, especificamente pela seca - é que, no Rio Grande do Sul, em todas as cidades onde foi decretada calamidade pública a indústria parou.

- É um efeito dominó - enfatizou.

O ministro lembrou, no entanto, que as notícias não são ruins quando o assunto são produtos em que os preços internacionais subiram, como, por exemplo, os do café, do suco de laranja e do álcool. Mas os cinco produtos (arroz, milho, trigo, soja e algodão) em questão são preocupantes.

- O custo de produção subiu muito no ano passado. Adicionalmente, os preços do petróleo e do aço se elevaram - afirmou Rodrigues.

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