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Rossi: ministro diz que usou jato “em raras ocasiões” e sempre de carona | Elza Fiúza/ABr
Rossi: ministro diz que usou jato “em raras ocasiões” e sempre de carona| Foto: Elza Fiúza/ABr

Aliança com PMDB

Dilma vai manter Rossi no cargo

A presidente Dilma Rousseff decidiu manter Wagner Rossi no Ministério da Agricultura para não brigar com o PMDB do vice-presidente Michel Temer, mesmo com todas as denúncias de tráfico de influência envolvendo o ministro. Em contrapartida, Dilma vai impor uma faxina nos cargos hoje ocupados por amigos de Rossi. Temer é o padrinho da nomeação de Wagner Rossi na Agricultura. Essa é a base do acordo de convivência com a base aliada, que tem em Temer um dos seus principais líderes. Segundo informações de auxiliares da presidente, Dilma fará o máximo de esforço para evitar repetir com o PMDB a experiência traumática que vive com o PR, alijado do Ministério dos Transportes e que ontem deixou a base aliada no Congresso.

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi (PMDB), foi alvo ontem de duas novas denúncias. Segundo reportagem publicada pelo Correio Braziliense, Rossi fez uso no cargo de um jatinho de uma empresa de agronegócio que tem interesses no ministério. E o jornal Folha de S.Paulo publicou entrevista em que Israel Leonardo Batista, ex-chefe da comissão de licitação da Agricultura, afirma que Rossi "desarranjou" o setor nomeando pessoas suspeitas e que ele (Batista) chegou a receber proposta de propina na pasta. Na entrevista, o ex-servidor ainda sugere que o ministro mentiu ao dizer que não conhecia o lobista Júlio Fróes, acusado de fazer tráfico de influência no ministério.

Batista disse também que as fitas do circuito interno do ministério podem comprovar se Rossi conhece ou não o lobista. Segundo ele, Rossi irá atrapalhar as investigações se permanecer no cargo. Os líderes do PSDB no Congresso – o deputado Duarte Nogueira (SP) e o senador Alvaro Dias (PR) – protocolaram ontem um pedido de apreensão das fitas na sede da Agri­­cultura, para que o material não possa ser apagado.

Avião

Já o Correio Braziliense informou que Rossi e um de seus filhos, o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP), viajaram várias vezes em uma aeronave avaliada em US$ 7 milhões pertencente à Ou­­­­rofino Agronegócios, empresa de Ribeirão Preto, berço político da família Rossi. A empresa tem interesses no ministério. Em 2010, por exemplo, obteve aprovação, liberação e licença para comercialização de vacina contra febre aftosa. Além disso, segundo a reportagem, um dos sócios do Grupo Ourofino é Ricardo Saud, diretor da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do ministério.

A proximidade entre a família de Rossi e a empresa do agronegócio se repete em outros campos. Vídeos institucionais da Ourofino são realizados pela empresa A Ilha Produções, que atualmente está em nome de Paulo Luciano Tenuto Rossi, filho do ministro, e Vanessa da Cunha Rossi, mulher de Baleia. O deputado estadual, por sua vez, foi contemplado com doação de campanha no valor de R$ 100 mil, transferidos pela Ourofino.

Em nota, Rossi disse ter usado o jato "em raras ocasiões", como "carona", e nega ter beneficiado a empresa como ministro.

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