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O então ministro da Agricultura, Wagner Rossi, falou sobre as denúncias de corrupção da pasta no Senado no dia 10 de agosto | Wilson Dias / ABr
O então ministro da Agricultura, Wagner Rossi, falou sobre as denúncias de corrupção da pasta no Senado no dia 10 de agosto| Foto: Wilson Dias / ABr

Leia a carta de demissão de Wagner Rossi

"Brasília, 17 de agosto de 2011

Neste ano e meio na condição de ministro da Agricultura do Brasil, consegui importantes conquistas. O presidente Lula fez tanto pela agricultura e a presidenta Dilma continuou esse apoio integralmente. (...)

Deus me permitiu estar no comando do Ministério da Agricultura neste momento mágico da agropecuária brasileira.

Mas, durante os últimos 30 das, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública.

Leia matéria completa.

  • Carta de demissão de Wagner Rossi foi publicada no site do Ministério da Agricultura

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão no início da noite desta quarta-feira (17), após semanas consecutivas de denúncias de irregularidades na pasta que comandava. O peemedebista é o quarto ministro a deixar o governo Dilma Rousseff em menos de oito meses.

A carta de demissão foi publicada no site do ministério. Na carta, Rossi agradeceu a "confiança" que recebeu da presidente Dilma Rousseff e classificou de "mentiras" as denúncias contra ele. "Minha família é meu limite. Aos amigos tudo, menos a honra", afirmou.

Na carta, Rossi relaciona as medidas e ações que adotou no ministério, mas ressalvou que durante os últimos 30 das enfrentou "uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública".

O ministro se disse vítima de uma "campanha insidiosa" e afirmou que a imprensa ignorou "solenemente" as respostas e documentos comprobatórios que apresentou a cada acusação.

"Nada achando contra mim e no desespero de terem que confessar seu fracasso, alguns órgãos de imprensa partiram para a tentativa de achincalhe moral: faziam um enorme número de pretensas "denúncias" para que o leitor tivesse a falsa impressão de escândalo, de descontrole administrativo, de descalabro", escreveu.

Sem mencionar nomes, Rossi disse que houve tentativa de chantagem de colaboradores acusados de irregularidades, que, segundo afirmou, seriam poupados se fizessem acusações contra ele.

Ele atribuiu as acusações a uma tentativa de "destituição da aliança de apoio à presidenta Dilma e ao vice-presidente Michel Temer, passando pelas eleições de São Paulo, onde já perceberam não mais poderão colocar o PMDB a reboque de seus desígnios". Depois, Rossi diz que deixa o governo agradecendo a confiança de Dilma, Temer e o ex-presidente Lula.

Repercussão

A presidente Dilma Rousseff (PT) lamentou, nesta terça-feira (17), por meio de nota, a saída de Rossi do ministério. Na nota, a presidente afirmou que Rossi "deu importante contribuição ao governo com projetos de qualidade que fortaleceram a agropecuária" e agradeceu seu empenho e dedicação. Dilma ainda lamentou que o ministro "não tenha contado com o príncípio da presunção da inocência diante de denúncias contra ele desferidas".

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que a saída de Rossi "não enfraquece" o governo e minimizou o fato de ele ser o quarto ministro a cair nestes oito primeiros meses do governo Dilma.

Já o deputado federal Duarte Nogueira (PSDB), líder tucano na Câmara, afirmou que a saída do ministro "não deve esgotar o processo de apuração das irregularidades no Ministério até a punição dos eventuais culpados por prejuízos ao erário público".

Investigação

A Polícia Federal (PF)abriu inquérito para investigar denúncias de irregularidades no Ministério da Agricultura. De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o inquérito de número 1526 foi instaurado na segunda-feira (15).

Nesta quarta-feira (17), o Ministério da Agricultura publicou no Diário Oficial da União a instauração de uma comissão de sindicância para apurar as denúncias da "Veja".

Crise

No último mês, Rossi foi alvo de diversas denúncias. Em depoimentos no Congresso, ele negou ter conhecimentos de irregularidades na pasta.

Entre as denúncias, havia a afirmação de que um lobista atuaria em uma sala no prédio do ministério e intermediaria negócios com empresas. Rossi negou que o lobista atue no ministério.

Outra denúncia da revista havia motivado a instauração de auditoria da Controladoria-Geral da República (CGU) para apurar denúncias de irregularidades na pasta feitas pelo ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto.

O então ministro também foi acusado de ter recebido propina em uma licitação. Por meio de nota, ele negou as acusações.

Por fim, o ministro admitiu que já viajou de carona em um jatinho de uma empresa do ramo agropecuário que recebeu autorizações do ministério para produzir medicamento contra a febre aftosa, mas nega que a empresa tenha recebido "privilégios ou tratamento especial".

Substituto

O nome do líder do governo no Congresso, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), é apontado como favorito para o lugar de Wagner Rossi no Ministério da Agricultura. O nome foi confirmado por lideranças do PMDB que se encontram reunidas com o vice-presidente Michel Temer para discutir a sucessão de Rossi.

Caso o PMDB bata o martelo pelo nome de Mendes, essa escolha teria de ser levada à presidente Dilma Rousseff. Mendes não tem experiência na área de agricultura. No entanto, tem a simpatia de Dilma. Foi um dos únicos peemedebistas a fazer campanha pra ela no Rio Grande do Sul.

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