Apesar de fazer uma veemente defesa do deputado José Dirceu (PT-SP) e dizer que ele é um homem sério e probo, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, admitiu, em resposta a um questionário de 42 perguntas feito pelos integrantes do Conselho de Ética, que aconselhou Dirceu a renunciar ao mandato antes da abertura do processo de cassação. Arrolado como testemunha de Dirceu, Bastos foi indagado por que ele, o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, e o senador José Sarney (PMDB-AP) teriam sugerido que o deputado renunciasse. Na resposta, Bastos justificou seu conselho ao petista:
"Após ter deixado o ministério, o deputado José Dirceu respondia a uma série de acusações. Aconselhei-o a tomar as providências que achasse necessárias para se defender da melhor forma possível, sendo uma das possibilidades a renúncia de seu mandato."
Em outra resposta, Thomaz Bastos disse que acredita na luta histórica de José Dirceu na construção do PT e que ele "deve ser um exemplo para todos aqueles que fazem da política sua atividade". Bastos disse que conhece Dirceu há muitos anos, que acompanha sua trajetória de combatente aguerrido desde que era líder estudantil e que ele sempre foi uma liderança preocupada com o avanço da democracia e redução das desigualdades sociais.
"Tenho por ele a mais alta admiração, a admiração que se deve ter por alguém que sempre pautou sua vida pela prevalência do publico sobre o privado. Antes de trabalharmos juntos, a imagem que tinha do deputado Dirceu já era a de um homem sério e probo que coloca todas as suas energias para busca de um Brasil mais justo e solidário" disse.
Bastos disse ainda que nunca presenciou conversas de Dirceu com líderes para tratar de mensalão. O ministro foi indagado também se é verdade que Dirceu atuava como chefe de governo de Lula.
"É importante frisar que o presidente Lula participa das decisões importantes com relação a sua gestão, nunca abdicando de seu papel de chefe de governo e de Estado", diz o ministro na resposta.
O ministro da Justiça diz que Dirceu exerceu com destaque papel de coordenador das ações governamentais e que nem ele nem o ex-secretário do PT Sílvio Pereira fizeram qualquer nomeação para o Ministério da Justiça.
"As nomeações do Ministério da Justiça são, por determinação legal, feitas formalmente em conjunto com a Casa Civil, mas o mérito das nomeações sempre foi decidido por mim como titular da pasta", diz Bastos, afirmando que sempre teve autonomia para nomear e demitir e que em sua pasta nunca houve ingerência de Dirceu.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”