O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), cobrou nesta segunda-feira (24) uma ação do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) contra o que chamou de vazamentos seletivos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que investiga um esquema de fraudes na Petrobras. Segundo o petista, "nessas horas, a gente tem que ter um ministro da Justiça forte que não aceite esse tipo de manipulação de um processo tão importante que pode ajudar a Petrobras a ficar melhor".
Viana citou o fato de a Polícia Federal ter admitido que o nome do atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, apareceu em depoimentos dos presos da operação por "erro material". Ele afirmou que não foi tomada nenhuma medida para apurar o equívoco.
A fala do senador ocorre um dia após reportagem do jornal "Estado de S. Paulo" apontar que o delator do esquema e ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa teria afirmado, durante depoimento, que o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), teria recebido R$ 1 milhão do esquema.
Costa nega ter sido beneficiado com propina da empresa e colocou a quebra de seus sigilos à disposição dos órgãos de investigação. "Qualquer tentativa de manipulação política desse episódio é muito ruim para o Brasil. Isso enfraquece as investigações. Ninguém sabe quem denunciou e ninguém confirma. Se destrói primeiro a honra da pessoa e sai um pedido de desculpa em nota de rodapé", afirmou Viana.
"Isso enfraquece a apuração, destrói a honra de pessoas. Isso é péssimo. Não podemos aceitar. A Polícia Federal tem que tratar isso com mais seriedade. O ministro da Justiça precisa agir. Numa hora dessas, a gente tem que ter um ministro da Justiça forte que não aceite esse tipo de manipulação de um processo tão importante que pode ajudar a Petrobras a ficar melhor se a gente combater e extirpar a corrupção", completou.
O vice-presidente do Senado afirmou que não estava criticando a atuação da Polícia Federal, mas a tentativa de interferir no processo. Viana saiu em defesa de Costa, mas negou movimento do PT para blindar o colega. Ele afirmou ainda que não há acusação contra o correligionário, mas "fofoca".
"Eu acho um absurdo o que está sendo feito com o líder Humberto Costa, uma pessoa absolutamente honesta e correta, que agora está tendo de se defender de algo que ele não fez. Está tendo um crime dentro de um crime cometido. Estão fazendo um vazamento seletivo para tentar destruir a honra de pessoas. É muito importante que haja uma união de todos para se apurar tudo. Se tiver agente político envolvido, os chamados tubarões, se traga logo. Não pode se fazer uma condução equivocada de uma coisa tão séria", afirmou.